SABOTAGE



Título: Sabotage

Dimensões: 9x9Cm

Técnica: Drypoint, Etching

Data: Dezembro 2021



Mauro Mateus dos Santos nasceu na periferia de São Paulo 3 de abril de 1973 e morreu assassinado na mesma cidade a 24 de janeiro de 2003.  Nestes breves 29 anos de vida, o poeta ficou conhecido pelo seu nome artístico Sabotage, Mauro Mateus fez de tudo um pouco. Foi poeta, traficante de drogas, rapper, cantor, compositor, e ator brasileiro. A origem do apelido Sabotage deu-se por ter quase sempre conseguindo burlar as normas com algum êxito, como entrar em bailes, festas e boates sem permissões, e sair ileso de inúmeras confusões e brigas. Artista que combina raramente fineza e simplicidade numa prosa agilíssima, Sabotage foi criado na favela do Canão, capital paulista. Cresceu e viveu numa cidade que mata em média mata 700 pessoas por ano, em meio à criminalidade, à fama, o descaso, à morte e o sucesso. Começou a trabalhar aos 8 anos em seu primeiro emprego, como “olheiro” - nome dado aos que trabalham do tráfico de drogas avisando aos chefes locais quando a polícia se aproxima. Filho mais novo de 3 irmãos, teve um dos irmãos mortos, após fugir da cadeia, e outro, dominado pela loucura do alcoolismo. Mauro, pai de 2 filhos, nasceu na Zona Sul de São Paulo, onde, depois de ter sido assaltante e gerente de tráfico encontrou a saída no rap, entrando na música e percebendo o seu verdadeiro dom. 

Sabotage fez um único disco solo, o “Rap é Compromisso!”, e participou de vários CDs com grupos como  RZO, SP Funk e outros. Seu único disco, de 2001, é um marco na historia da poesia Hip-Hop brasileira. Considerado uma lenda na Zona Sul, ele inspirou vários rappers, como Rhossi, Pavilhão 9, além de ter ensinado Paulo Miklos, cantor de ascendência húngara da banda de rock Titãs, como ser um malandro de verdade, no filme "O Invasor", de Beto Brant, com quem escreveu até uma música.

Sua música, mistura letras inteligentes, frases contundentes e rimas ágeis, com ritmos que não necessariamente são apenas de rap, mas também gêneros como o Samba, Rock, e Música Eletrônica.

Também fez parte de dois filmes, o já citado "O Invasor", e o premiado "Carandiru", além de ter recebido vários prêmios, como personalidade, revelação e outros no Hútus, o grande festival de premiação de rap no Brasil. Vale ressaltar que Sabotage era o próprio compositor e cantor de suas músicas. Em toda sua carreira, compôs dezenas de trabalhos e alguns deles se tornaram uma espécie de hino para jovens da periferia. Para muitos, Sabotage é uma rica expressão da constante luta que o pobre enfrenta diariamente para viver dignamente e isso fez com que vários outros artistas usassem suas obras como samples, colagens e scratches de seus trabalhos".

Na manhã do dia 24 de janeiro de 2003, em frente ao número 1877 da avenida Professor Abrão de Morais, no bairro da Saúde, próximo a sua casa, Sabotage levou sua mulher, Maria Dalva da Rocha Viana, ao ponto de ônibus. Na despedida, disse à esposa que iria para o Fórum Social Mundial, na cidade de Porto Alegre. Após entrar no carro, segundo testemunhas, foi abordado por um homem que disparou 4 tiros: dois na coluna vertebral 1 na mandíbula e 1 na cabeça. Encontrado horas depois, aos seu lado havia uma máscara preta. Muito se especulou, maliciosamente, à época sobre algumas possíveis causas de seu assassinato, entre elas, o envolvimento do rapper com o mundo do crime quando era mais jovem. A falsas acusações, entretanto, são veementemente negadas por seus amigos e familiares, haja visto que Sabotage tinha desistido da vida criminosa por volta de 10 anos antes de sua morte.

 Em 2016, 13 anos após sua morte, o álbum que leva o mesmo nome do cantor foi lançado no serviço de streaming Spotify. Nele estão diversas canções feitas na semana em que o rapper foi assassinado.

Sai da Frente 

Sai da frente, o mar, não tá pra peixe, entende?

Minha gente, quem não for do corre, sai da frente
As águas, sei, tão turvas, aqui ou no Oriente
A fome em Sampa arruína, esmagadora, brava gente
Click-clack-bang
Sai da frente, gente
Bala perdida é igual cadeia, a dor ardente
Me disseram: "O sol nasceu pra todos"
Pra quem será que dizem, mano?
Pra nós os pobres ou pro simples tolo? " 

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