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A filha do piloto japonês( para Matsuo B.)

O piloto japonês preparava-se para o seu vôo derradeiro; ao contrário do que muitos haviam feito, despediu-se da família com estreitos abraços e lágrimas japonesas e visíveis. Crê-se que chegou a dizer:
Bem, é certo que não voltarão a ver-me!
A filha mais nova, a que menos chorava, respondeu:
Em sonhos hei-de sempre voltar a ver-te, pai.
O piloto japonês sorriu.

Ondjaki, E se Amanhã o Medo.

Carlos e Onésimo já tinham me falado dele, mas grata foi a descoberta. O escritor angolano Ondjaki deve andar pela casa dos trinta e poucos, e já tem uma penca de bons livros publicados. Grande parte de suas referências e epígrafes são de escritores, poetas e letristas de música brasileiros. Seus contos, no livro "E se Amanhã o Medo," mescla algo de fábula com hiperrealismo, como no caso do protagonista do conto "A Confissão do Acendedor de Candeeiros," um velho, que acende os lampiões da cidade e que por sua idade avançada sabe que não durará muito, mas lá pelas tantas diz...

"Durante minha vida acendi candeeiros pela simples poesia desse gesto, sendo, cada chama, um poema que eu escrevia para quem passava."

"Quando olho o céu, lhe vejo assim pintalgado de brilhos, indago-me: e eu, quem me acendeu sempre, enquanto acendi estrelas aqui na terra?"

Música do dia. Zé Inácio - por Paulo Flores