Caminhos e Fronteiras




Caminhos e fronteiras é um livro de 1957 e nele Sérgio Buarque de Holanda inova ao propor uma nova análise sobre a ocupação do Brasil, distinta daquela apresentada no livro Raizes do Brasil, publicado 21 anos antes. No trabalho de 1936, Sergio Buarque argumentava que a forma de ocupação do Brasil respeitava a uma lógica de imobilidade, de estática, sem maiores desígnios de penetração no território brasileiro. A conformidade de tal prática teve consequências. O enraizamento da mentalidade ibérica, pouco curiosa e ávida a reproduzir relações sociais baseadas nas tradições de origem, sedimentado no litoral brasileiro, serviu em algumas regiões, como a do Nordeste açucareiro, para adaptar uma rotina nobiliárquica transportada das terras portuguesas para a colônia.

Enquanto em Raizes, há um forte componente de domínio e estabilidade no sentido do homem impor ao meio sua vontade, no Caminhos e fronteiras, Sergio Buarque realiza uma história do cotidiano das expedições bandeirantes na região das Monções. Sua câmara clara registra uma sociedade onde a imagem do bandeirante, movediço, instável e caprichoso, é moldada pelo meio e infuenciada pelos costumes indígenas – de por exemplo adaptar hábitos alimentícios com o consumo de raízes, frutas, animais, e até mesmo caminhas pelas sendas descalço. A certa condescendência de Sergio Buarque com o bandeirante chega a ponto de criar um paradigma, de certa forma modernista, que seria o da exposição de uma aculturação não do indígena, mas sim do português que moldaria seus hábitos a partir do contato cotidiano com o ambiente inóspito. Tal contato, naturalmente, fez com que o português renunciasse ao estilo de vida anterior, litorâneo, e por meio de se impor as condições essenciais de sobrevivência lançaria-se à floresta com o intuito de caçar índios, adquirir riqueza rápida e de certa forma romper as fronteiras impostas pela cultura lusitana, sem se dar conta das perdas dos valores proprios.

O aculturamento as avessas do português pelo indio, evitado a todo o custo ser encarado por Sergio Buarque como negligente ou violento por parte dos primeiros, é um dos temas recorrentes no livro ao comprovar a importância do indígena na formação cultural brasileira. As evidências para seu argmento estariam no uso dos vocábulos para denominar nomes de lugares e coisas, além das técnicas agrícolas primitivas – mais eficientes para a prática das expedições constantes.

O livro deixa muitas lacunas, mais perguntas que respostas, como Sergio Buarque, sendo grande estilista, primava por fazer. Se lido com os olhos da curiosidade literária reserva horas de extremo entretenimento ao leitor. Se lido com olhos de um cientista social, deixa um certo sabor salgado de sangue na alma.

Detalhe do 'Mape-monde : planisphere ou carte generale du monde'. Sec. XVIII
Charles Inselin, geografo e gravador parisiense.
Musica do dia: Confrontio. Lalo Schifrin. Album magnum Force


Caroline Rude, uma estupida

Conversando com um amigo sobre a tragedia de ontem, este me lembrou do filme Elephant do Gus Van Sant para tentar entender o inexplicavel. Ja esta na lista interminavel de coisas que tenho pra ver e ler...

A sugestao vem em boa hora se nao fosse pelo fato de que dessa vez o cara era da Coreia do Sul. Chegou aos USA em 1992, viveu desde entao num suburbio de DC, seus pais eram dry cleaners (tintureiros), e seu major career era Ingles. Ou seja, athe ai uma historia como a de muitos outros de imigrantes que conseguem emprego, sustentam a familia e crescem os filhos num ambiente estrangeiro. A linha que une essa historia a tragedia que ocorreu ontem e' o que intriga a todos (investigadores, sociologos, psicologos, professores, pais das vitimas e espectadores passivos na frente do noticiario sempre manipulado da Fox). Ainda mais pelo fato que entre um e outro ataque o rapaz havia enviado um relatorio com fotos, um dvd com imagens dele portando as duas armas em trajes militarizados, uma especie de carta testamento, e fragmentos de um texto sem pe nem cabeca para uma grande rede de televisao.

Ai apareceu ontem, do nada, a professora Carolyn Rude, do departamento de ingles da universidade que, em busca de holofote ou 5 minutos de fama, ou sei la o que, vindo dizer que os escritos do assassino Cho Hui eram estranhos, que o rapaz escrevia coisas contra 'rich kids' e 'deceitful charlatans' em sua pequena peca escrita para fim de curso. A dona gesticulava de maneira performatica, abria os bracos e clamava aos ceus por respostas, na presenca do diretor da Universidade e, com perdão da má palavra, do Presidente da Republica dos USA - que visitou a instituicao em solidariedade as vitimas.

Francamente, para um moleque que consegue comprar duas glock 19 e 50 balas com a facilidade que ele conseguiu, eh athe safadeza da dona Rude ligar as frustracoes do asssasino, seus nos de cabeca, suas entradas e saidas de tratamentos psiquiatricos, com o estilo literario do 'autor', no caso o assassino, - e excluir disso tudo a neurose de uma sociedade que nao admite sua propria decadencia. Perdeu uma grande oportunidade de ficar calada essa dona, pois o google (ou outro sitio qualquer) botou on-line todos os trabalhos feitos na sua aula. Todos os trabalhos giravam, ironicamente, em torno de temas como pedofilia, violencia, racismo, assassinatos; portanto se fossemos acompanhar a logica da Dr. Rude chegariamos a conclusao de que todos turma seriam assassinos, tarados e sadicos em potencial.

Assim mesmo, obrigado por me alertar dona Rude para nao ler mais autores muito criticos, vou deixar hoje mesmo de ler o meu Air-conditioned Nihghtmare do comunsita pervertido Miller, de assistir meus Billy Wilderes, de escutar o drogado do Coltrane e do Parker, e passar a acompanhar o acougueiro do Jack Bauer que em 24 horas deve matar mais que o psicopata em questao.

Estava pensando ateh em queimar meus tres volumes da obra do Machado, meus Dostoievskis e os livros do desgracado do Saramago - esse comunista fdp comedor de criancas -, o Jardim das Veredas que se Bifurcam esta na minha mira agora, e so nao queimo tambem o livro de Pierre Menard por que nao me lembro em qual dos livros de Borges esta o seu Dom Quixote.

Eu so fico intrigado com uma coisa.... o Lima Barreto e o Robert Walser tambem haviam passado por tratamentos psiquiatricos e nem por isso eram assassinos, bem mas vamos deixar pra la pois assim encontramos mais contradicoes nas palavras dessa mula literaria que ensina literartura.

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Como o assunto eh realmente chocante e o noticiario local nao deixa de falar de outra coisa, volto ao tema agora pela noite, mas durante o dia resolvi me ater aos fatos, so ver a BBC e acompanhar a noticias pelos NYT, que pelo menos nao tenta me comover, como faz a Fox e a NBC, com o som de um violino ao fundo das falas dos apresentadores e entrevistados - como se o fato de 32 jovens mortos ja nao fosse chocante o suficiente para entristecer qualquer um. Desliguei a televisao e fui ler. Tremenda coincidência. Depois de botar o guri para dormir, sentir o silêncio da casa, sentar, acender um cigarro, abrir um livro e encontrar um poema. O poema não foi escrito por um dos alunos da Virginia Tech. Vem do livro Duas Águas publicado em 1956. Ironicamente, chama-se Poema Deserto - titulo que e' uma metáfora a tudo que se ve por aqui. O autor? É de um tal de João Cabral de Mello Neto, que pelo que me conste nunca matou ninguém - nem passou por tratamentos psiquiatricos, nem comprava armas com facilidade em grocery stores.

Todas as transformações
todos os imprevistos
se davam sem meu consentimento.


Todos os atentados
eram longe de minha rua.
Nem mesmo pelo telefone
me jogavam uma bomba.


Alguém multiplicava,
alguém tirava retratos.
Nunca seria dentro do meu quarto,
onde nenhuma evidência era provável.

Havia também alguém que perguntava:
- Por que não um tiro de revólver
ou a sala subitamente às escuras?

Eu me anulo, me suicido,
percorro longas distâncias inalteradas,
te evito, te executo,
a cada momento e em cada esquina.

A gente não quer só comida...


O seleto mundo cultural brasileiro da capital americana está em polvorosa. Notícias quentes chegam dando conta de que O BACI - Brazilian American Cultural Institute - terá que se gerir com recursos próprios a partir de agora. Para isso, o Ministério das Relações Exteriores, que já havia cortado o passaporte vermelho da Instituição, mandou cortar também o salário do diretor - que realmente corre na boca pequena ser um mistério mais bem guardado que o do 'earthly triangle' da capital.

Há quem duvide, com toda a razão, que o centro se sustentaría apenas com os recursos provenientes das aulas de português e das exibições de filmes. Quem aposta nessa dúvida cegamente estaria correto, pois não é preciso ser um gênio para perceber que aqui nos EUA o Brasil ainda é percebido por muitos, ‘culturalmente’ falando, como a terra do samba, do axé, das mulatas, das araras multicoloridas, do Pelé e das melodias horrendas de Sérgio Mendes – e agora do álcool para fazer combustível. Mas para aqueles que pensam que vão ficar sem ‘cultura’ é importante lembrar que o centro promove uma média de 15 concertos e 10 exposições de arte por ano.

O desconhecimento desse detalhe imperceptivelmente sutil, acessível a poucos, nos faria a todos lastimar o iminente definhamento do centro. Entretanto, O BACI é um dos centros mais importantes de irradiação de artistas brasileiros no Norteast americano. Fez e faz parte da agenda de um circuito de artistas brasileiros de relativa expressividade - alguns de gosto duvidoso, é verdade; outros de nem tanta expressividade, também verdade – que exibem seus trabalhos por lá. Mas por lá já passaram, por exemplo, artistas de calibre variável tais como Claudia Stern, Christina Oiticica, Ubirajara Ribeiro e Burle Marx, só para citar alguns dos nomes.

E a atitude do MRE nos faz refletir...mirou no certo e acertou no duvidoso... ( sem trocadilho)

Não é preciso ser um profundo conhecedor do universo fechadíssimo que é o mercado de arte para saber o que marchands, artistas e courtiers estão carecas de saber: da simbiose e tensão entre Arte e Mercado é que se gera dinâmica do mercado artístico, ou seja, fazer negócios e especular com a obra de arte é arte mais antiga que a usura. Artistas iniciantes também sabem disso – reclamam reclamam, mas sabem que se não transformarem sua arte em fetiche de mercadoria, não sobrevivem. E o BACI, ao que me conste provavelmente não foge a esta lógica. Lógica simples. Para serem vistos os artistas enviam trabalhos em consignação para as exposições, evidentemente almejando serem vendidos. É da lógica não-declarada do jogo também, por que não, doarem uma ou duas obras para o Instituto. Numa atitude muito comum no mundo artístico, regido pela confiança e pelo segredo, qual o artista iniciante que não doou, ou vendeu a preço módico, um quadro para uma instituição ou figurão responsável pela tal no iminente afã de ganhar notoriedade e valorizar suas obras? Eu arriscaria dizer que boa parte do acervo brasileiro da Casa das Américas e de muitos outros acervos locais incluindo o BACI foi formada dentro dessa lógica: promessa de valor artístico e aposta na liquidez quase certa.

Portanto, a iniciativa do MRE pode salvar os canapés da intelligentsia e da rapazeada 'cabeça' que mostra seu valor nessas bandas! Ou azedar e aguar de vez o patê de fois gras e a sacrossanta Dom Perignon da galera. Vamos esperar....

“Caim” e Abel, seis cortes e algumas perfurações a bala

( O espectador não precisa saber sobre as ações da empresa, do processo que se seguiu ao assassinato de Abel; do pedido da cunhada a Abel para que tudo parecesse não passar de um seqüestro seguido de morte - bem como das suspeitas de adultério incestuoso de “Caim” com a sobrinha Marianna -; e do seguro de vida descoberto no cofre de “Caim” pela filha mais velha ).
Cleck: cão puxado. Suor frio. Cano na cabeça. A mão do matador não tremia. Na manhã em que morreria em meio ao calor e um cheiro de merda: “Caim” com olheiras tremia amedrontado e amarrado a uma viga (corta). No momento em que tirou-lhe a venda, e os olhares se cruzaram, o matador Jonas murmurou para dentro uma espécie de oração sicária. “Caim”, sem mais coragem de levantar os olhos ou endireitar os ombros, adivinhou que para aqueles despidos da vida, a prédica inaudível abrandava os tormentos. Começou a chorar. Jonas cospe na cara de “Caim” e desengata o cão. ( Plano externo ) Abel, o sócio, bigode grosso, chegou ao escritório, prédio espelhado, gravata de seda, eleitor do PFL, cara barbeada, barriga executiva, filhos no MBA, amante da idade da filha mais velha (corta). Jonas ganhou cem, “Caim” oferece duzentos para matar o mandante (corta). ( Plano interno ) Dois dias depois Abel aparece com o pagamento; Jonas rende Abel leva-o ao cativeiro e amarra-o de frente para o irmão; a câmera focaliza apenas as duas garrafas de álcool e a bacia, movendo-se lentamente para focar a cara de pavor dos irmãos traidores, e fecha no Colt 38 cano curto na mão direita de Jonas (corta). Jonas enche a bacia de álcool, com a segunda garrafa espalha álcool sobre os dois, risca o fósforo, abre a mala do dinheiro, e vai jogando lentamente os trezentos dentro da bacia em chamas. (Deixar claro para o ator que vai encenar: nem raiva, nem ódio; somente um vasto prazer, quieto e profundo, como a audição de uma bela sonata ou a contemplação de uma estátua divina de cera, derretendo, uma coisa parecida ao prazer secreto do gozo estético) Na seqüência, desamarra os irmãos – que postos à prova, desfazendo-se das câimbras e reanimando a dormência dos membros doloridos, ainda permaneceram por instantes numa espécie de dúvida paralisante como leões libertos do cativeiro – pousa o 38 entre os dois, e vai embora (corta). O resto da estória todos conhecem.


cOnTo-pAstIcHe pUBlicAdo na Edicao %* da rEViStA Cult

Numa traducao marota e muito da sem vergonha ficaria assim...

(the spectator doesn’t need to know about the stocks of the company, of the process that followed the murder of Abel; about the request of Abel’s brother-in-law that everything seemed a standard kidnappings followed by death - as well as of the suspicious of incestuous adultery by "Cain" with Marianna, his niece -; and of the life insurance discovered in "Cain’s" safe by his oldest son).
Click: cock pulled. Cold sweat. barrel in the head. The right hand of the killer did not tremble. In the morning when he would die in the heat and smell shit: "Cain" with deep shadows around the eyes, trembled and tied to a beam (cut). Abel, the partner, thick mustache, arrived at the office, looking-glasses-building, silk necktie, PFL
[1] voter, face clean-shaved, executive belly, children in the MBA, lover same age of his oldest daughter (cut). Jonas was paid one hundred, "Cain" offers two hundred to kill the man who order the assassination (cut). Two days later Abel appears with the payments; Jonas, the killer, caught Abel and ties up his brother next to him; the camera focuses on the two alcohol bottles and the basin; the face of terror of the treasonous brothers; closes on the Colt 38 short barrel in the right hand of Jonas (cut). Jonas fills the alcohol basin and with the second bottle spreads alcohol above them, scratches out the match, opens the suitcase of money, and inside goes slowly throwing the three hundred into the basin in flames. (To leave clearly for the actor that goes to stage) Neither anger nor hatred, only a vast pleasure, deep and quiet, such as the hearing of a beautiful sonata or the contemplation of a divine statue, wax melting, a thing similar to the aesthetic joy. In the sequence, Jonas unties the brothers, whose muscles, in pain, are having trouble rid their cramps - their dormant and painful limbs were waking up and still remained for a few seconds in a kind of doubt like freed wolves - puts the 38 between the two of them, and goes out (cut). The rest of the story everybody knows. Or not?

[1] Rigth-party composed by landowners and in Brazil



Criminosos e Perseguidos














Em 2004, o Reino Unido publicou on-line (http://www.nationalarchives.gov.uk/) uma lista de perigosos criminosos perseguidos no seculo XIX. O teor dos crimes cometidos era os mais diversos. Desde furtos de pregos de papel, sacos de cha, ate o roubo de pão e jarros de marmelada. As penas chegavam a ate 5 anos de reclusão ou trabalhos forcados, dependendo do delito. O mais interessante nao eh o rigor das penas para crimes aparentemente banais, e sim ao fato de que as fichas referem-se a crimes praticados por crianças de 12, 11 e ate 10 anos de idade. Por exemplo, numa viagem pelos arquivos, George Davey olha para a foto tirada para sua ficha de 4 de fevereiro de 1873, triste e compungido. Tinha 10 anos e vinha de um bairro rico de Londres, quando foi pego pela policia roubando um coelho. A condenação: um mês de trabalhos forcados, por sinal a mesma pena sentenciada a outros guris de sua idade. Outro exemplo era o de Eliza Smith, que trabalhava de garçonete nos arredores da prisão de Wansdworth. A menina foi acusada de um furto, apanhada com a boca na butija aos 13 anos, e por trabalhar já nessa idade – o que não era incomum na era industrial, como mostra Eric Hobsbawm nas suas Eras– teve sua pena perdoada.

Revirando o site dos fundos documentais da coleção Wansdworth, penso imediatamente no Rio de Janeiro de 2007, e nas varias historias que inspiraram escritores a escrever sobre a vida de menores delinqüentes ao logo do breve Seculo XX. Eh irônico. Naquele tempo da rainha Vitoria, crianças de 5 anos não eram arrastadas em carros por jovens sadicos pouco mais velhos que os 'delinqüentes' ingleses, e que chegariam a deixar os de Jorge Amado em seu Capitães de Areia, ou os de Oliver Twist, de Charles Dickens, ou mesmo o proprio George Davey - que me chamou atencao - ruborizados de vergonha e espanto.

Não sei sinceramente qual seria a solução para o Rio de Janeiro, pois hoje a barbárie já não cabe nas paginas de um Oliver Twist, nem nas de um Paulo Lins, muito menos nas de uma Patrícia Melo – por mais que ela tenha se esforçado em amenizar o Inferno de Reizinho e por que nao dizer de todos nos que pensamos, vivemos, passamos ou fugimos do Rio. Sei eh que se aqueles inocentes criminosos, suditos da rainha, vivessem na cidade maravilhosa, teriam a certeza de uma pena muito mais branda, usurpada por serem menores, benecie do adagio de portadores de direitos universais, eh claro.

Irracionalidade e insensibilidade

Esta foi afanada do blog http://degredados.blogspot.com/, onde o camarada Fred Almeida, com muita sensibilidade percebeu, numa margem do dia-a-dia, que diz bem o por que essa cidade eh o centro gravitacional do mundo, a falta de sensibilidade para o Belo.

Ou seja, nem com o melhor violonista do mundo, tocando o melhor violino do mundo, os caras despertam do pesadelo.



Nota: Lendo a reportagem tive uma alucinacao. Imaginei que tudo seria pior se alem de ignorar a beleza da musica, o pais estivesse numa guerra e nao nos dessemos conta disso no cotidiano. Ainda bem que foi um lapso da razao....

Anatomia da Argumentacao


Este é um clássico dos clássicos dos filmes de tribunal onde musica e filme nao necessariamente combinam, mas funcionam brilhantemente quando separadas.

James Stewart é Paul Biegler, o advogado de defesa de Frederick Manion (BenGazarra), que compelido talvez menos pela angústia do constrangimento que pela honra ferida, assassinou o homem que estuprara sua mulher (Lee Remick) na pequena cidade de Thunder Bay. Filme de tribunal. O filme recebeu sete Oscars, mas o de Stewart foi dado a outro republicano, Charlton Heston, que recebeu a estatueta por sua eterna interpretacao de Judah em Ben Hur – em todo o caso Stewart ja havia ganhado em 1941 com o The Philadelphia Story. O roteiro, assinado por Wendell Mayes, é obra prima de ironia e desdém como há de ser um bom filme de tribunal, ao revirar a vida do julgado pelo avesso até seus mais íntimos e constrangedores detalhes.

Não sei não, sempre fico na dúvida mas na minha opinião o filme fica pau-a-pau com o Eleven Angry Man do Sidney Lumet, outra grande obra prima da argumentação cinematográfica representada por ninguém menos que um dos bons amigos de Stewart, Henry Fonda, que mata a pau no papel de um jurado, crítico, compassivo e solidário.
Duke Ellington (esquerda), Mort Sahl and Otto Preminger trabalhando no "Anatomy of a Murder" filme de 1959.
Por essas e por outras que o destaque vai para a trilha sonora de Duke Ellington - na foto aí em cima . Obviamente, a musica do dia: Flirtibird e Almost Cried, para expressar o dia de hoje – um dia em que a distância deixa de ser miragem e a saudade aperta a glote. Portanto, se eu pensar no filme acabo esquecendo o tanto de tudo que a musica traz.

O mé e o alcool

Suddenly, todo mundo virou especialista em alcool. Qualquer picareta washingtoniano agora, alem de ser 'consultor', eh especialista em alcool. Governos patrimonialistas, politicos sibaritas, ex-ministros aproveitadores, entidades civis salvacionistas, sindicatos rurais morigerados, ongs raivosas, cidadaos comuns desinformados. Diz-se ateh no blog do Alon e do Carta que Dirceu abrirah uma consultoria no para tratar do assunto com os gringos malvados, maus e bobocas.

Ah, se os especialistas consultassem aos verdadeiros discipulos do Conde de Afonso Celso... chegariam a conclusao de que que ha muita coisa em jogo dos dois lados da negociacao, mas ainda acho que pressao maior contra o projeto vem do lobby do Corn Belt la da caipirolandia do Missouri, Indiana, Ohio, Kansas... temerosa da perda dos subsidios agricolas que o Estado Americano proporciona - alias sei que todos se queixam mas nao sei quanto eh em porcentagem. Uma coisa eh certa, todo mundo sabe que lobby aqui - ao contrario do Brasil - eh negocio serio, para o bem e para o mal.

Mas vamos por partes...

Para o Brasil seria otimo exportar a producao - mas nao a tecnologia -, obviamente. Para os grandes produtores brasileiros isso seria otimo tambem, e, vamos ser sinceros, ajudaria athe os mirrados 10% da participacao da agricultura no PIB e por tabela nossas transacoes correntes e na balanca de pagamentos que dependem caridosamente das exportacoes - do agrobusiness. Geopoliticamente, se diz que o Haiti poderia entrar na jogada produzindo cana e milho. Com isso o Brasil poderia dar uma certa licao de moral de como pacificar uma regiao, e reconstrui-la produtivamente - ao contrario do que foi feito no Iraque. Mas vamos parar de ufanismo por aqui. Agora.

Primeiro, como meu amigo Fred disse, a energia produzida por tonelada de milho eh irrisoria se comparada com a cana, e infima se comaprada com o petroleo - o que ja eh motivo para por minhas matusalenicas barbas de molho. Segundo, toda essa estoria esta me ceirando a retorica para escamotear por que o Brasil nao cresce significativamente ha mais de 30 anos; por que nao tem investimento externo que nao seja direto; por que ruminamos a combinacao de taxas de crescimento irrisorias com taxas de juros que impedem qualquer planejamento de investimento produtivo a longo prazo - tendo o Estado que ser o fomentador do investimento seja com os classicos GEIA, GEIPOT do passado ou com o PAC. Enfim, milho, soja, cana... exportar eh o que importa... voltamos ao velho papo da agricultura como a salvadora da situacao quando tudo o mais da errado. O velho papo do Brasil como o celeiro do mundo - que esta fazendo o Eugenio Gudin dar gargalhadas sadicas na cova...

Enfim, ha muita diferenca entre os que entornam mé e os que se locupletam com o alcool....


Musica do dia: Inutil paisagem. Eumir Deodato

Dia meio bom, meio ruim, quase normal

O Cruzeiro, 16 de janeiro de 1960. O Pif-paf. Millor.
Musica do dia: Imagem. Michel Legrand: Homenagem a Luiz Eca (CD afanado do meu chapa-irmao Bill)

Few things that you should know before your death

News from the Library of Congress Contact: Guy Lamolinara (202) 707-9217 March 15, 2004 Library of Congress and National Library of Brazil Launch Joint Web Site Dedicated to U.S.-Brazil Interactions Librarian of Congress James H. Billington and President of the National Library of Brazil Foundation Pedro Correa do Lago have launched a collaborative Web site that explores the historical similarities and contrasts, ethnic diversity and interactions between Brazil and the United States. "The United States and Brazil: Expanding Frontiers, Comparing Cultures" includes some 9,800 images from the rare book, manuscript, map, print and photographic collections of the Library of Congress and the National Library of Brazil. The site represents the first phase of a continuing project by the National Library of Brazil and the Library of Congress that is being carried out under a cooperative agreement signed by Billington and Correa a do Lago. The site can be accessed at http://international.loc.gov/intldl/brhtml/. "The National Library of Brazil is one of the great libraries of the world, and I am excited that Brazil is now part of our Global Gateway collaborative digital initiative," which includes the Netherlands, Russia and Spain, with more nations to come, said Billington. "These bilingual multimedia Web sites are making it possible for the Library of Congress to share its resources with the world and for Americans to share in the library resources of other nations." The Global gateway Web site of international collections and links to international Web sites is at http://international.loc.gov/. The Brazil project focuses on five main themes related to the history of Brazil and its interactions with the United States: "Historical Foundations," "Ethnic Diversity," "Culture and Literature," "Mutual Impressions" and "Biodiversity." Among the items available on the site are letters by Thomas Jefferson about Brazil's independence movement, illustrations of 19th century Brazil by French artist Jean Baptiste Debret, documents relating to the reigns of Emperors Pedro I and Pedro II, 18th century maps and the text of "O Guarani," Brazil's earliest heroic poem. "The United States and Brazil: Expanding Frontiers, Comparing Cultures" is bilingual, in English and Portuguese, and is intended for use in schools and libraries and by the general public in both countries and around the world. The project grew out of a visit to Brazil in 1999 by Billington and subsequent discussions between the two national libraries about the numerous parallels in the histories of the two largest countries in the Americas. Support for the project was provided by the Vitae Foundation of Sao Paulo, Brazil, directed by José Mindlin, and the Library of Congress. "The United States and Brazil" is part of the Library's Global Gateway initiative of digital library collaborations with leading libraries and cultural institutions from around the world. Other Global Gateway projects are planned with libraries in Egypt, France and Japan. The Library of Congress, founded April 24, 1800, is the nation's oldest federal cultural institution. It preserves a collection of more than 128 million items - more than two-thirds of which are in media other than books. These include the largest map, film and television collections in the world. In addition to its primary mission of serving the research needs of the U.S. Congress, the Library serves all Americans through its popular Web site (http://www.loc.gov/) and in its 22 reading rooms on Capitol Hill. The National Library of Brazil is the largest in Latin America. It was founded in 1808 with the collections of the Portuguese Royal Library. It preserves a collection of approximately 9 million items, including books, stamps, illustrations, manuscripts, maps and audiovisual materials. Its Web site is at http://www.loc.gov/global/disclaimer.php?url=http%3A%2F%2Fwww.bn.br.