Em 2004, o Reino Unido publicou on-line (http://www.nationalarchives.gov.uk/) uma lista de perigosos criminosos perseguidos no seculo XIX. O teor dos crimes cometidos era os mais diversos. Desde furtos de pregos de papel, sacos de cha, ate o roubo de pão e jarros de marmelada. As penas chegavam a ate 5 anos de reclusão ou trabalhos forcados, dependendo do delito. O mais interessante nao eh o rigor das penas para crimes aparentemente banais, e sim ao fato de que as fichas referem-se a crimes praticados por crianças de 12, 11 e ate 10 anos de idade. Por exemplo, numa viagem pelos arquivos, George Davey olha para a foto tirada para sua ficha de 4 de fevereiro de 1873, triste e compungido. Tinha 10 anos e vinha de um bairro rico de Londres, quando foi pego pela policia roubando um coelho. A condenação: um mês de trabalhos forcados, por sinal a mesma pena sentenciada a outros guris de sua idade. Outro exemplo era o de Eliza Smith, que trabalhava de garçonete nos arredores da prisão de Wansdworth. A menina foi acusada de um furto, apanhada com a boca na butija aos 13 anos, e por trabalhar já nessa idade – o que não era incomum na era industrial, como mostra Eric Hobsbawm nas suas Eras– teve sua pena perdoada.
Revirando o site dos fundos documentais da coleção Wansdworth, penso imediatamente no Rio de Janeiro de 2007, e nas varias historias que inspiraram escritores a escrever sobre a vida de menores delinqüentes ao logo do breve Seculo XX. Eh irônico. Naquele tempo da rainha Vitoria, crianças de 5 anos não eram arrastadas em carros por jovens sadicos pouco mais velhos que os 'delinqüentes' ingleses, e que chegariam a deixar os de Jorge Amado em seu Capitães de Areia, ou os de Oliver Twist, de Charles Dickens, ou mesmo o proprio George Davey - que me chamou atencao - ruborizados de vergonha e espanto.
Não sei sinceramente qual seria a solução para o Rio de Janeiro, pois hoje a barbárie já não cabe nas paginas de um Oliver Twist, nem nas de um Paulo Lins, muito menos nas de uma Patrícia Melo – por mais que ela tenha se esforçado em amenizar o Inferno de Reizinho e por que nao dizer de todos nos que pensamos, vivemos, passamos ou fugimos do Rio. Sei eh que se aqueles inocentes criminosos, suditos da rainha, vivessem na cidade maravilhosa, teriam a certeza de uma pena muito mais branda, usurpada por serem menores, benecie do adagio de portadores de direitos universais, eh claro.
Revirando o site dos fundos documentais da coleção Wansdworth, penso imediatamente no Rio de Janeiro de 2007, e nas varias historias que inspiraram escritores a escrever sobre a vida de menores delinqüentes ao logo do breve Seculo XX. Eh irônico. Naquele tempo da rainha Vitoria, crianças de 5 anos não eram arrastadas em carros por jovens sadicos pouco mais velhos que os 'delinqüentes' ingleses, e que chegariam a deixar os de Jorge Amado em seu Capitães de Areia, ou os de Oliver Twist, de Charles Dickens, ou mesmo o proprio George Davey - que me chamou atencao - ruborizados de vergonha e espanto.
Não sei sinceramente qual seria a solução para o Rio de Janeiro, pois hoje a barbárie já não cabe nas paginas de um Oliver Twist, nem nas de um Paulo Lins, muito menos nas de uma Patrícia Melo – por mais que ela tenha se esforçado em amenizar o Inferno de Reizinho e por que nao dizer de todos nos que pensamos, vivemos, passamos ou fugimos do Rio. Sei eh que se aqueles inocentes criminosos, suditos da rainha, vivessem na cidade maravilhosa, teriam a certeza de uma pena muito mais branda, usurpada por serem menores, benecie do adagio de portadores de direitos universais, eh claro.
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