O seleto mundo cultural brasileiro da capital americana está em polvorosa. Notícias quentes chegam dando conta de que O BACI - Brazilian American Cultural Institute - terá que se gerir com recursos próprios a partir de agora. Para isso, o Ministério das Relações Exteriores, que já havia cortado o passaporte vermelho da Instituição, mandou cortar também o salário do diretor - que realmente corre na boca pequena ser um mistério mais bem guardado que o do 'earthly triangle' da capital.
Há quem duvide, com toda a razão, que o centro se sustentaría apenas com os recursos provenientes das aulas de português e das exibições de filmes. Quem aposta nessa dúvida cegamente estaria correto, pois não é preciso ser um gênio para perceber que aqui nos EUA o Brasil ainda é percebido por muitos, ‘culturalmente’ falando, como a terra do samba, do axé, das mulatas, das araras multicoloridas, do Pelé e das melodias horrendas de Sérgio Mendes – e agora do álcool para fazer combustível. Mas para aqueles que pensam que vão ficar sem ‘cultura’ é importante lembrar que o centro promove uma média de 15 concertos e 10 exposições de arte por ano.
O desconhecimento desse detalhe imperceptivelmente sutil, acessível a poucos, nos faria a todos lastimar o iminente definhamento do centro. Entretanto, O BACI é um dos centros mais importantes de irradiação de artistas brasileiros no Norteast americano. Fez e faz parte da agenda de um circuito de artistas brasileiros de relativa expressividade - alguns de gosto duvidoso, é verdade; outros de nem tanta expressividade, também verdade – que exibem seus trabalhos por lá. Mas por lá já passaram, por exemplo, artistas de calibre variável tais como Claudia Stern, Christina Oiticica, Ubirajara Ribeiro e Burle Marx, só para citar alguns dos nomes.
E a atitude do MRE nos faz refletir...mirou no certo e acertou no duvidoso... ( sem trocadilho)
Não é preciso ser um profundo conhecedor do universo fechadíssimo que é o mercado de arte para saber o que marchands, artistas e courtiers estão carecas de saber: da simbiose e tensão entre Arte e Mercado é que se gera dinâmica do mercado artístico, ou seja, fazer negócios e especular com a obra de arte é arte mais antiga que a usura. Artistas iniciantes também sabem disso – reclamam reclamam, mas sabem que se não transformarem sua arte em fetiche de mercadoria, não sobrevivem. E o BACI, ao que me conste provavelmente não foge a esta lógica. Lógica simples. Para serem vistos os artistas enviam trabalhos em consignação para as exposições, evidentemente almejando serem vendidos. É da lógica não-declarada do jogo também, por que não, doarem uma ou duas obras para o Instituto. Numa atitude muito comum no mundo artístico, regido pela confiança e pelo segredo, qual o artista iniciante que não doou, ou vendeu a preço módico, um quadro para uma instituição ou figurão responsável pela tal no iminente afã de ganhar notoriedade e valorizar suas obras? Eu arriscaria dizer que boa parte do acervo brasileiro da Casa das Américas e de muitos outros acervos locais incluindo o BACI foi formada dentro dessa lógica: promessa de valor artístico e aposta na liquidez quase certa.
Há quem duvide, com toda a razão, que o centro se sustentaría apenas com os recursos provenientes das aulas de português e das exibições de filmes. Quem aposta nessa dúvida cegamente estaria correto, pois não é preciso ser um gênio para perceber que aqui nos EUA o Brasil ainda é percebido por muitos, ‘culturalmente’ falando, como a terra do samba, do axé, das mulatas, das araras multicoloridas, do Pelé e das melodias horrendas de Sérgio Mendes – e agora do álcool para fazer combustível. Mas para aqueles que pensam que vão ficar sem ‘cultura’ é importante lembrar que o centro promove uma média de 15 concertos e 10 exposições de arte por ano.
O desconhecimento desse detalhe imperceptivelmente sutil, acessível a poucos, nos faria a todos lastimar o iminente definhamento do centro. Entretanto, O BACI é um dos centros mais importantes de irradiação de artistas brasileiros no Norteast americano. Fez e faz parte da agenda de um circuito de artistas brasileiros de relativa expressividade - alguns de gosto duvidoso, é verdade; outros de nem tanta expressividade, também verdade – que exibem seus trabalhos por lá. Mas por lá já passaram, por exemplo, artistas de calibre variável tais como Claudia Stern, Christina Oiticica, Ubirajara Ribeiro e Burle Marx, só para citar alguns dos nomes.
E a atitude do MRE nos faz refletir...mirou no certo e acertou no duvidoso... ( sem trocadilho)
Não é preciso ser um profundo conhecedor do universo fechadíssimo que é o mercado de arte para saber o que marchands, artistas e courtiers estão carecas de saber: da simbiose e tensão entre Arte e Mercado é que se gera dinâmica do mercado artístico, ou seja, fazer negócios e especular com a obra de arte é arte mais antiga que a usura. Artistas iniciantes também sabem disso – reclamam reclamam, mas sabem que se não transformarem sua arte em fetiche de mercadoria, não sobrevivem. E o BACI, ao que me conste provavelmente não foge a esta lógica. Lógica simples. Para serem vistos os artistas enviam trabalhos em consignação para as exposições, evidentemente almejando serem vendidos. É da lógica não-declarada do jogo também, por que não, doarem uma ou duas obras para o Instituto. Numa atitude muito comum no mundo artístico, regido pela confiança e pelo segredo, qual o artista iniciante que não doou, ou vendeu a preço módico, um quadro para uma instituição ou figurão responsável pela tal no iminente afã de ganhar notoriedade e valorizar suas obras? Eu arriscaria dizer que boa parte do acervo brasileiro da Casa das Américas e de muitos outros acervos locais incluindo o BACI foi formada dentro dessa lógica: promessa de valor artístico e aposta na liquidez quase certa.
Portanto, a iniciativa do MRE pode salvar os canapés da intelligentsia e da rapazeada 'cabeça' que mostra seu valor nessas bandas! Ou azedar e aguar de vez o patê de fois gras e a sacrossanta Dom Perignon da galera. Vamos esperar....
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