Nunca disse que o homem cordial é bonzinho - Sergio Buarque

Como no jogo do bicho, vale o que está escrito. No Haiti, já se fala em 30 mil mortos.
Interessante acompanhar o que está escrito nas manchetes dos jornais e comparar, por exemplo o enfoque que o New York Times dá à tragédia e o que O Globo prioriza.





O NYT fala na devastação do país, na busca de desaparecidos haitianos, nas vítimas haitiana, nos esforços conjuntos para reconstruir serviços básicos do Haiti, como hospitais e até mesmo a torre de navegação do aeroporto de Port-au-Prince...



 ... e O Globo, na versão online, também fala do Haiti, mas de outra maneira...(a versão em papel é algo pior)

As vezes a teoria do homem cordial -  que de cordial tem quase nada - do Sergio Buarque de Holanda, me causa certa acidez de estômago, e chega a me dar vergonha de ter de explicar a amigos estrangeiros essas coisas que passam quase despercebidas...

Nota. O site da Cruz Vermelha Internacional está aceitando doações.
Telefone 1-800-733-2767.

2 comentários:

Batendo Perna! disse...

Quero dizer que estou chocado e solidário ao povo do Haiti.
Quero dizer que lamento pelas vidas perdidas, de brasileiros e de haitianos.

De fato passou longe a preocupação em noticiar a tragédia dos haitianos, em boa parte da imprensa brasileira. Evidenciar o drama das famílias brasileiras com membros enviados para lá pelo governo federal, lhes parece mais lucrativo politicamente em ano eleitoral - não é à toa que são figadalmente contra qualquer punição em forma legal por violação ética da atividade jornalística. A morte da Dra Zilda Arns, uma grande católica - prefiro vê-la como uma grande brasileira que atuou em favor da civilidade e respeito ao próximo-,é outro assunto que ocupa boa parte do noticiário. Assim nossa imprensa agrada o "primeiro e o segundo estado". O mundo está RE-descobrindo a miséria do Haiti, com uma história entrecortada por intervenções estrangeiras, ditaduras, instabilidade política. A missão de paz da ONU, liderada pelo Brasil, tem se mostrado muito importante para nós. Foi com a tecnologia de estabilização coercitiva que experimentamos e desenvolvemos lá, que se "pacifica" as favelas cariocas.
No Brasil, muitos continuaram achando que miséria há lá, não cá; e que o maior drama é o das famílias que cá aguardam notícias de seus entes queridos.
Todos os aviões que chegam ao Aeroporto do Galeão, continuam sobrevoando o monte lixo, a beira da Baía de Guanabara, em que miseráveis buscam de amenizar sua miséria, sem que nenhuma manchete lhes dÊ destaque aqui.
Aqui, nem a nossa miséria, nem a do Haiti!
E todos merecem atenção, com ação e solução!
Oops, they did it again!

Rezem pelo Haiti!

ilusão da semelhança disse...

Tarcisio, não gosto de falar de política aqui, mas nos últimos dias, os temas relacionado ao passado recente brasileiro e esta tragédia do Haiti, me fizeram esmorecer.

Pornográfica a relação do Estado com a Imprensa. Pois veja, o Estado brasileiro - estou falando de Política de ESTADO e não de GOVERNO - tem interesses na Minustah. Quer a cadeira permanente do Conselho de Segurança da ONU. Para isso precisa criar uma area de ação política no hemisfério. No sul não tem espaço de manobra, está pressionado pelas acusações de imperialismo dos países do arco andino, e pelo Cesarismo de Chaves. O norte nao dá por que é area de ação francesa - não se esqueça que fazemos fronteira com a França! A saida foi vazio deixado no Caribe, e recentemente a patética ação em Honduras com a tentativa de manter o pecuarista e bovino Zelaya no poder.

O problema é que nesse vazio, o Haiti é um país miserável, apesar de sem dívida já que o Banco Mundial tinha perdoado a dívida por aqueles planos de HIPC. Empreiteiras brasileiras não se interessavam pelo negócio, enquanto o Banco Interamericano não liberasse os mais de 150 milhões de dolares que estão retidos esperando aprovação há mais de um ano. Assim que liberarem tudo muda.

O Globo e a Folha - um pouco menos - entram com a parte sentimental mobilizando a opinião pública... "temos valorosos brasileiros de coração bom, lá" e que voce lembrou brilhantemente como forma de proselitismo barato para vender jornal e agradar o primeiro e segundo Estados.

Mas vamos ser realistas... o carnaval chegando, tudo esquecido.

Abraco, Chico.