Não sei bem se por nunca ter ido muito com a cara do Wayne, se por ter gostado muito do Auto dos Danados do Lobo Antunes, ou se por gostar do cinema francês, eu tenha curtido tanto Je t'aime John Wayne – curta metragem dirigido por Toby MacDonald e escrito por Luke Ponte, da coleção Cinema 16. É um curta ótimo. É uma paródia do filme de Jean-Luc Godard, À bout de souffle.
O ator Kris Marshall tenta ser Jean Paul Belmondo – o ator de Breathless. No filme de Godard Belmondo é Michel, um cara fora da lei que atira em dois policiais e tenta ser um espécie de Humphrey Bogart, imitando seus trejeitos e modos de falar. Fugitivo e sem dinheiro, vagando pelas ruas de Paris, pede ajuda a Patricia, sua namorada americana, estudante de jornalismo e vendedora do jornal New York Herald Tribune. Enquanto Michel pensa o tempo todo em fugir para a Itália, Patricia tem sonhos românticos e por isso o denuncia à polícia com medo que ele se fosse deixando-a grávida.
No curta de Toby MacDonald, Kris Marshall se define como Belmondo vivendo em Paris. Se vê como Belmondo desde a primeira cena, quando sonha com um beijo e é despertado pelo relógio. Na frente do espelho, escovando os dentes e fumando, se auto-define como um desviado, hipócrita, sujo, imoral e irracional. Por fim, quando se vê à frente do espelho, finalmente, como John Wayne, o telefone toca. A mensagem é uma frase de John Wayne: “Monte nessa merda de cavalo ou eu o expulsarei da cidade.” Após o bip a mensagem. É sua mãe deixando uma embaraçosa mensagem de mãe na secretária eletrônica: “Meu filhinho, tire essa mensagem da secretária. Isso é um pouco estranho.” (cena impagável). Tal como o dentista Nuno de Auto dos Danados, que na Revolução dos Cravos, prestes a fugir com a família pela fronteira da Espanha tem alucinações com o ator Edward G. Robinson. O protagonista pensa ser o ator francês Belmondo, incorporando ora sua cafajestice - de maneira engraçadíssima – ora a dureza do John Wayne.
Outra cena impagável quando ele, esperando a irmã mais nova para levá-la ao cinema, encontra-a com namorado. Quando indagado pela irmã se a mãe não lhe dissera, ele desconversa mantendo a face de durão em direção ao menino. Na saída do cinema vê um casal. O britânico acha o filme detestável. Belmondo o puxa. Olha-o de cima abaixo. Dá-lhe um soco. Vira-se para a moça e diz que ela teria de vir com ele, pois ele tem um Alfa-Romeo! A narrativa escrita não comporta o peso das imagens do filme ou a expressão do ator Marshall, com sua cara de quelônio cômicamente fumando todo o filme... enfim, um bom curta. Cowboy por cowboy sou mais o Gary Cooper em High Noon, muito mais o Clint Eastwood em Man with no Name.
Contentemo-nos com a Ilusão da Semelhança, porém, em verdade lhe digo, senhor doutor, se me posso exprimir em estilo profético, que o interesse da vida onde sempre esteve foi nas diferenças,
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