Cabaret Mineiro

A dançarina espanhola de Montes Claros
dança e redança na sala mestiça.
Cem olhos morenos estão despindo
seu corpo gordo picado de mosquito.
Tem um sinal de bala na coxa direita,
o riso postiço de um dente de ouro,
mas é linda, linda, gorda e satisfeita.
Como rebola as nádegas amarelas!
Cem olhos brasileiros estão seguindo
o balanço doce e mole de suas tetas...

De todos os poemas inesquecíveis do Drummond, eu poderia citar vários: Poema das sete faces (Vai, Carlos - seu imprestável e biriteiro! Ser gauche na vida), Congresso Internacional do Medo, Atriz (sosbre a morte da Cacilda Becker), Procura da Poesia...
Mas, Cabaret Mineiro, é simples, mundano, poético e sem firulas. So o Drummond poderia, na equação perfeita que soma William Burroughs, Herberto Helder e T. S. Eliot - dar-nos ( como diz o Alfredo Bosi ) o coeficiente de solidão.

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