Babel nossa de cada dia

Tomei a liberdade cabotina de transcrever o email que uma grande amiga me mandou no fim de janeiro. Ela, indo do Brasil para Lamu, e eu indo de Washington para seu apartamento no Rio, cedido a titulo gracioso apos rogado obsequio - como se diz na lida de seu dia-a-dia. Agora, relendo-o com calma achei fantastica essa viagem e tentei imaginar onde fica Lamu. Achei mais que necessario guardar em minha gaveta de guardados.

Estou em Lamu, uma ilha paradisiaca no Indico, mais concretamente em Shela, um povoado arabe bem pequeno que da para o mar, com umas dunas fantasticas. Ja fiz passeio de barco, snorking e estou com as costas ardidas, ontem tive que dormir de brucos. Aqui e uma aldeia de pescadores, misturados com os turistas, os arabes e as moscas, tudo muito estranho para um brasileiro, apesar de estar cheio de pescador com camisa brasileira por aqui. Os gringos andam de short e biquini, como eu, e as mulheres de preto e com veu. Descobri que a palavra canga saiu daqui, e o que as mulheres suwahili usavam antes dos arabes e portugueses chegaram. Depois passaram a botar a canga sobre a cabeca. Os pescadores usam uma especie de saia, chamada de kikoi. O povo e muito amavel, estao sempre te dizendo Jambo(how do you do?) sempre que eu passo, alguns pescadores e guias ja descobriram que sou brasileira e um deles nao larga do meu pe, quer casar comigo de todo jeito. Ja passeei pelas dunas de cima pra baixo, visitei o povoado vinte vezes e acho que ate ja estou cansada de nao fazer nada. Aqui nao ha televisao, estou tentando comprar um jornal, mas esta tudo fechado para a hora do almoco, e, para ler nas dunas, tive que pegar emprestado com o dono da pousada um livro velho sobre Dom Juan, do Carlos Castanheda, que eu ja tinha lido na adolescencia. Calma, ainda nao estou voltando. Talvez encurte a viagem em Lamu e de um pulo em Capetown, onde esta um rapaz legal que conheci na viagem. O Kenya e do mais exotico, ao mesmo tempo que a vegetacao e a cultura lembram o Brasil, ha coisas muito diferentes, dificil de descrever, so vendo o video. Estou literalmente ilhada, sem comunicacao, tive que ficar o dia inteiro para conseguir acesso a Internet numa pousada por aqui. Para escrever de novo so daqui a 5 dias, de Nairobi. Em caso de emergencia enviem sinais de fumaca, pois os celulares nao funcionam por aqui. O documentarista - Jefferson- que deixei em Nairobi pegou uma infeccao no olho, teve que ir para Londres para se tratar. O dinheiro do Ministerio do Meio Ambiente que ele estava esperando nao chegou. Ainda bem que adiantei uma grana para ele, pq senao o cara estaria ferrado, fiquei contente, pelo menos ajudei alguem. Muitos beijos e saudades.

Nota: Nao fica chateada comigo, cumadre, por favor.

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