Peace

Não pretendo contestar a opinião da Academia. Acredito na separação entre o Estado e a Igreja. Acredito na civilização e no Ocidente, pois sinceramente, prefiro viver no Ocidente e por que foi nele que aprendi as parcas e contraditórias noções Iluministas. Mas a filha do Will Smith – que pela cara, não entendia nada do que o discursante falava - dormia enquanto, a certa altura, a Princesa Magdalena apertou a mão do consorte, e assoou o nariz. Não sabiamos que estava chorando.




A patuléia, evidentemente, a malta aplaudiu quando foi dito, “we lose ourselves when we compromise the very ideals that we fight to defend,” mas eu vi com os olhos que a terra há de comer a hesitação do Secretário da Academia, que engolia em seco e mostrava com olhos relutantes a besteria que fizeram ao nomear o puérpere Nobel da Paz. Os pormenores lhe escaparam e ele se deu conta tarde demais pois a pessoa que recebeu o Nobel desse ano, ainda que tenha evocado a Liga das Nações, a Convenção de Genebra e a Cruz Vermelha, fez um discurso duro e usou a palavra Diplomacia apenas uma vez. Preferiu desviar das razões do Just War para enfatizar uma tal de  Just Peace. Por quê? Simples. O discurso da justificação moral da guerra não foi um discurso  para o mundo e sim o de um presidente  que, pressionado pela direita feroz,  já dá sinais de fraqueza perante seu povo. Ora, caso contrário, não justificaria a violência com a retórica do princípio da auto-defesa, que serve, nas atuais circunstâncias, aos que já estão armados. E bem armados no sentido lockeano.  Just War  para mim tem o odor similar do caldo requentado do Preemptive strike.




O Secretário e a Comissão julgadora da Academia não sabiam disso? Logicamente que sabiam. E é bem verdade que o Nobel da Paz, ou seja, a pessoa agraciada com o Prêmio Nobel da Paz,  chegou ao poder não com a promessa de acabar com a Guerra, é bem verdade.  Mas, com a vaga promessa de tornar o mundo mais justo perante o mundo sem regras criado por seu antecessor. Entretanto,  não o fez.....




Foi lúcido, entretanto, ele, inopinado, ter evocado Kant ao dizer que há duas verdades irreconciliáveis em sua ação política para a Guerra: A Necessidade da Guerra x A Guerra como Expressão da Decadência Humana. A diferenciação serviu para ilustrar a angústia e o peso de decisões difíceis. Sua decisão de enviar mais tropas para o Afeganistão. Uma decisão que no fim das contas não apaga as evidências contidas nos fatos.


Evidências: Passou um ano. A retórica bondosa e evangelista continua. Não há um acordo mínimo para a violência entre Israel e as autoridades palestinas. A América Latina continua sendo nada para governos Democratas – vide Honduras. O Afeganistão agoniza com a chegada, hoje, de mais 7 mil soldados da OTAN - 30 mil no total. Guantanamo não fechou, e se fechar só muda de CEP,  pois os suspeitos de terrorismo continuarão presos sem a protecção da lei e à margem dos tribunais. Ou seja, tudo do mesmo.





Por fim, entre enganos e arrependimentos, o discurso agradará certemente aos cientistas politicos, com a frase: “The non-violence practiced by men like Gandhi and King may not have been practical or possible in every circumstance, but the love that they preached – their faith in human progressmust always be the North Star that guides us on our journey. O discurso também agradou a plebe presente que aplaudia entusiasmada, fez tremer as princezinhas e dormir os bois e as crianças. Mas não havia nada de ingenuidade, pois mirando em Clausewitz, acertou em cheio no bom senso.  Fidel pode não estar totalmente enganado....pois afinal  não foi Cesar quem proclamou a Paz através da Vitória?





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