Night on Earth

Night on Earth, filme do Jim Jarmusch de 1991. Assisti esse filme quando estava entrando na faculdade e pra ser sincero nunca consegui definir bem o que da estética do Jarmusch realmente me atrai. Assisti ao Night on Earth pela segunda vez hoje, mas ainda nao descobri o que realmente ficou guardado dele na minha memóra. Só sei que realmente gosto dessa espécie de oceano urbano de formas desfeitas que ele cria. Certifico desde já que um dos 5 vignettes me irritaram profundamente – exatamente aquela bobagem de estória do Roberto Benini, que realmente me irrita como ator e diretor; não sei, acho que é sua figura humana, aquela sua caricatura forçada de seu ser e, por metonímia, da alma italiana. Enfim, tem algo de errado nesse cara. No entanto, gosto do jeito de narrar do Jarmusch com imagens não-familiares mas facilmente identificáveis que tornam até minha animosidade contra taxistas ao redor do mundo, um sentimento mais brando mas não necessariamente passível de uma gorjeta eventual.


Uma vez, assitindo uma entrevista do Jarmusch, fiquei surpreso com seu hábito de assistir a filmes estrangeiros sem legendas. Mesmo que não entenda os diálogos, para ele o filme não é só o diálogo, mas a atuação dos atores, a luz, o contexto... enfim tudo que aparece na cena do taxi onde o ator ebúrneo Isaach de Bankole - alias um ator que ja vi em alguns filmes e que realmente tem uma capacidade mudar de personalidade apenas com um corte de cabelo - e Béatrice Dalle dão seu show particular de interpretação.

Enfim, um filme sobre as relações de taxistas e passageiros. Um filme sobre a idéia de que se está sozinho com uma outra pessoa, num espaço fechado, durante um trajeto definido, e com quem não se tem absolutamente nenhuma relação. De ambos, nada é exigido. Em ambos, nada é investido. Não havendo ganhos ou perdas, pode-se mentir durante todo o trajeto. Pode-se permanecer absolutamente calado. Ou pode-se ser completamente honesto. Enfim, igualzinho ao consultorio do teu analista.

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