Muita gente se recusou a depôr no House Un-American Activities Committee. Aquilo era um negócio tenebroso que funcionou de 1938 a 1975. Quem entrasse na blacklist do Comitê podia considerar sua carreira terminada – o Woody Allen fez até um filme muito interessante que não lembro o nome agora sobre o tema.
Mas, o Elia Kazan não. Ele não só delatou vários de seus companheiros de ex-militância comunistas como sustentou suas posições por supostas convicções liberais. Arthur Miller e Lillian Helman, mulher do Dashiell Hammet, e considerada pelo Ruy Castro uma das mulheres mais feias de toda a história de Hollywood, ambos se recusaram a depor e compraram uma briga eterna com Kazan. Por essas e por outras que essa figura era um paradoxo: um fela da p..., que muito poucos confiavam na vida privada, e um profissional sem igual nas telas.
Bem, mas isso é uma outra história longa. Ontem, por obra e graça do TCM, assiti ao A Face in the Crowd. Um dos grandes filmes de Kazan, apenas superado, na minha opinião pelo A Streetcar Named Desire e o On the Waterfront. Aliás gosto muito mais do texto do Tennessee Williams e da atuação do Marlon Brando naquele que neste último. Além disso a Vivian Leigh, com o papel de mulher completamente histerica espantara de vez aquela urucubaca de papel do Gone With the Wind – um dos filmes, sinceramente, mais chatos e racistas que assisti na vida! Aquela personagem só podia ser macumba que fizeram pra moça.
O A Face in the Crowd é a história dos primórdios da televisão e de como esta substituiu o rádio como fenômeno de comunicação de massa. Larry 'Lonesome' Rhodes é um caipirão do Arkansas que, digamos assim, por motivos de força maior, é transformado, pelo carisma pessoal e pela personalidade irascível, num fenômeno abusivo do entretenimento popular. O cara é grosseiro, ingênuo, falastrão e coloquial ao mesmo tempo. Chega a insultar no ar seu principal patrocinador, mas como era um fenômeno de arrogância e falta de senso, o mantinham no ar.
Um dos continuos do canal onde Lonesome trabalhava conseguiu um contrato para que a figura trabalhasse em NY, patrocinado por um suplemento alimentar chamado Vitajex. Sua carreira era ascendente e parecia não ter limites. Até que sua empresária, que alimentava uma paixão secreta por ele, cansa-se de sua espera interminavel por um homem que na razao inversa de seu orgulho afasta-se mais e mais dela, e durante o fim de uma de suas apresentações, já quando eram exibidos os créditos do programa, mantém o som off no ar, ligado. Neste momento, Lonesome, já entregue a uma birita forte, insulta e humilha os telespecadores chamando-os de idiotas, “morons" e "guinea pigs." Instantaneamente, há uma desilusão nacional e tal como na lenda de Rodhes, o gigante rui implacavelmente.
A tematica do filme lembra muito um dos melhores filmes feitos pelo Billy Wilder, chamado Sunset Boulevard. A diferença entre os dois filmes e os dois diretores fica pra outro dia.
Mas, o Elia Kazan não. Ele não só delatou vários de seus companheiros de ex-militância comunistas como sustentou suas posições por supostas convicções liberais. Arthur Miller e Lillian Helman, mulher do Dashiell Hammet, e considerada pelo Ruy Castro uma das mulheres mais feias de toda a história de Hollywood, ambos se recusaram a depor e compraram uma briga eterna com Kazan. Por essas e por outras que essa figura era um paradoxo: um fela da p..., que muito poucos confiavam na vida privada, e um profissional sem igual nas telas.
Bem, mas isso é uma outra história longa. Ontem, por obra e graça do TCM, assiti ao A Face in the Crowd. Um dos grandes filmes de Kazan, apenas superado, na minha opinião pelo A Streetcar Named Desire e o On the Waterfront. Aliás gosto muito mais do texto do Tennessee Williams e da atuação do Marlon Brando naquele que neste último. Além disso a Vivian Leigh, com o papel de mulher completamente histerica espantara de vez aquela urucubaca de papel do Gone With the Wind – um dos filmes, sinceramente, mais chatos e racistas que assisti na vida! Aquela personagem só podia ser macumba que fizeram pra moça.
O A Face in the Crowd é a história dos primórdios da televisão e de como esta substituiu o rádio como fenômeno de comunicação de massa. Larry 'Lonesome' Rhodes é um caipirão do Arkansas que, digamos assim, por motivos de força maior, é transformado, pelo carisma pessoal e pela personalidade irascível, num fenômeno abusivo do entretenimento popular. O cara é grosseiro, ingênuo, falastrão e coloquial ao mesmo tempo. Chega a insultar no ar seu principal patrocinador, mas como era um fenômeno de arrogância e falta de senso, o mantinham no ar.
Um dos continuos do canal onde Lonesome trabalhava conseguiu um contrato para que a figura trabalhasse em NY, patrocinado por um suplemento alimentar chamado Vitajex. Sua carreira era ascendente e parecia não ter limites. Até que sua empresária, que alimentava uma paixão secreta por ele, cansa-se de sua espera interminavel por um homem que na razao inversa de seu orgulho afasta-se mais e mais dela, e durante o fim de uma de suas apresentações, já quando eram exibidos os créditos do programa, mantém o som off no ar, ligado. Neste momento, Lonesome, já entregue a uma birita forte, insulta e humilha os telespecadores chamando-os de idiotas, “morons" e "guinea pigs." Instantaneamente, há uma desilusão nacional e tal como na lenda de Rodhes, o gigante rui implacavelmente.
A tematica do filme lembra muito um dos melhores filmes feitos pelo Billy Wilder, chamado Sunset Boulevard. A diferença entre os dois filmes e os dois diretores fica pra outro dia.
Um comentário:
Um filmaço, como quase tds de Kazan. Andy Griffith esteve mt bem no papel principal, mas faltou-lhe carisma, para se destacar acima da média dos atores. Ao meu ver, seria um papel sob medida p/James Dean q, infelizmente, já havia falecido. Quem sabe, p/Paul Newman. Griffith não conseguiu se destacar. Ficou apenas nesse filme, embora tenha atuado em outros.
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