Carlos Quiroga é escritor, militante de uma língua entre duas línguas. Tento explicar: 'O galego ou é galego-português ou é galego-castelhano', assim como está escrito em frente ao prédio das Letras na USC.
Foi uma grata amizade, esta que o andar pelo mundo destinou. Um cara que assume, como alguns teóricos já asseveraram, a idéia de que a narração é impossível. Assume, porém não se rende a tal falência por uma questão pessoal e política. Nos nossos papos, até chegamos a constatar com certo incômodo, que a lógica da narrativa formal causal-linear sofre da bricolagem, da acumulação, da reescritura e de tudo aquilo que assumimos com um apriorismo pos-moderno. Porém, a debilidade do relato contemporâneo, agora ligeiro, disperso, fragmentado e superficial, não impede o cara de produzir prosa e poesia; até por que, para além de uma questão sobrevivência existêncial, a escrita em galego é uma questão de sobreviência linguística.
Em seus livros, menos no Inxalá - um work in progress, como ele mesmo me segredou - , e mais no O Regresso a Arder/Viagem ao Cabo Nom/3, pode-se separar uma certa epifania pop dos seus golpes de efeito estético. Li o segundo ( uma combinação de fotografia, poesia, ensaio, narrativa e diário ) perguntando-me onde sua narrativa de resistência começa a desconfiar de uma visão coerente e unitaria do mundo. Mas só fui encontrar no primeiro, o Inxalá, a sensação de que minhas indagações eram respondidas pouco a pouco através de uma revisitação nostálgica - ou irônica, ainda não sei - que Carlos faz à tradição do falar galego sem a contaminação dos hispanismos. Prova dessa resistência é dada pelos protagonistas, um médico e uma tradutora, que buscam em Portugal ou nos desertos da África, os lugares de origem, os solos onde a memória possa fundar suas raízes. Por isso mesmo tem-se a sensação de que o Inxalá evocado por Carlos é mais que uma simples interjeição de desígnio de desejo, é uma janela sempre acolhedora para o frescor de uma idéia de Ocidente cada vez mais distante.
Foi uma grata amizade, esta que o andar pelo mundo destinou. Um cara que assume, como alguns teóricos já asseveraram, a idéia de que a narração é impossível. Assume, porém não se rende a tal falência por uma questão pessoal e política. Nos nossos papos, até chegamos a constatar com certo incômodo, que a lógica da narrativa formal causal-linear sofre da bricolagem, da acumulação, da reescritura e de tudo aquilo que assumimos com um apriorismo pos-moderno. Porém, a debilidade do relato contemporâneo, agora ligeiro, disperso, fragmentado e superficial, não impede o cara de produzir prosa e poesia; até por que, para além de uma questão sobrevivência existêncial, a escrita em galego é uma questão de sobreviência linguística.
Em seus livros, menos no Inxalá - um work in progress, como ele mesmo me segredou - , e mais no O Regresso a Arder/Viagem ao Cabo Nom/3, pode-se separar uma certa epifania pop dos seus golpes de efeito estético. Li o segundo ( uma combinação de fotografia, poesia, ensaio, narrativa e diário ) perguntando-me onde sua narrativa de resistência começa a desconfiar de uma visão coerente e unitaria do mundo. Mas só fui encontrar no primeiro, o Inxalá, a sensação de que minhas indagações eram respondidas pouco a pouco através de uma revisitação nostálgica - ou irônica, ainda não sei - que Carlos faz à tradição do falar galego sem a contaminação dos hispanismos. Prova dessa resistência é dada pelos protagonistas, um médico e uma tradutora, que buscam em Portugal ou nos desertos da África, os lugares de origem, os solos onde a memória possa fundar suas raízes. Por isso mesmo tem-se a sensação de que o Inxalá evocado por Carlos é mais que uma simples interjeição de desígnio de desejo, é uma janela sempre acolhedora para o frescor de uma idéia de Ocidente cada vez mais distante.
Evidentemente, todas essas conclusões vieram depois de vários Ribeiros, Riojas e Estrellas de Galicia, afinal in vino veritas. Grande camarada!
Foto: Gentalha do Pichel, caverna de cultura alternativa
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