Contentemo-nos com a Ilusão da Semelhança, porém, em verdade lhe digo, senhor doutor, se me posso exprimir em estilo profético, que o interesse da vida onde sempre esteve foi nas diferenças,
Junebug
Junebug é um filme de Phil Morrison, o mesmo cara que criou a campanha massiva da Apple, "Get a Mac". Apesar de um filme de publicitário, é um filme convincente sobre pessoas estranhas e da difícil relação entre esse bando de gente composta por genros, sogros, noras, maridos, sogras, e toda essa faina na qual o conceito de família acaba incorrendo quando dois inocentes pombinhos se juntam. Madeleine é casada com George, um rapaz do qual pouco se sabe no início do filme. Casamento moderno. Na base da Sabe-se sim que Madeleine é uma espécie de caçadora de novos talentos. E numa dessas tentativas, George Johnsten, a serviço da galeria em que trabalham, conhece um artista outsider anormal e maluco que vive em North Carolina, por acaso perto da casa de seus pais. Então essa seria uma grande oportunidade de matar um monte de coelhos numa só cajadada. Nessa esticada de algumas 10 horas de viagem de carro, Madeleine poderia conhecer a família do marido, descobrir um novo artista primitivista e ainda por cima ganhar um monte de dinheiro em cima do pobre do artista.
Chegando à casa da família de George começa o choque de realidade. Madeleine é uma negociante de arte em Chicago. É moça, dessas que almoça um Activa, desses iogurtes que ajudam, como diz o comercial, na desoneração intestinal, e uma cenoura crua. A mãe de George o oposto, uma fumante convicta, pois afinal estamos falando da Carolina do Norte – terra de tabaco e gente esquisita -, é uma dessas mães à americana que escondem sob a polidez a face dominadora, que impõe ascendência assim sem querer impor, mas impondo. O pai é um taciturno de hábitos esquisitos, que vive pelos cantos da casa trabalhando em algo, consertanto algo, fugindo de algo, se ausentando de algo. Na casa ainda há a incrível presença do irmão mais novo de George, Johnny e de sua inacreditávelmente dependente e ingênua esposa, Ashley, grávida com a barriga à boca prestes a parir mais um Johnsten.
Madeleine, na ausência de George, que herda do pai essa capacidade de se ausentar mesmo estando em corpo presente, começa a interagir com todos na casa, seja ajudando Johnny a conseguir seu certificado de High School Equivalence – uma espécie de supletivo -, seja participando dos preparativos para o chá de bebê de Ashley, seja tentando ajudar a Peg nos afazeres domésticos, seja participando dos cultos evangélicos na igreja.
Mas tudo parece bem, pois todos sabem que a visita é apenas por poucos dias, e que depois disso, tudo voltará ao normal. Madeleine e George voltarão a Chicago deixando para trás os pais de George e seu irmão complexado. É um filme de comicidade tensa, pois apesar de situações levemente engraçadas, sabe-se que tudo pode degringolar a qualquer momento. E a estória começa sua pequena reviravolta de pequenos desentendidos, que abrem ainda mais o fosso entre Madeleine, que provavelmente passa fome e sacrifícios para manter sua beleza urbana, moderna, e vamos dizer assim, e os Johnstens, quando no chá de bebê preparado para Ashley – que poracaso quer botar o nome do filho, Junebug. No meio da reunião, o artista maluco aparece na casa dando sinais de que quer fechar um contrato com a galeria de Madeleine. A atitude desvela as segundas intenções de Madeleine no meio daquele fim de mundo tentando ser acessível e cordial com todos – mesmo que todos soubessem que sua atitude, apesar de polida, fosse forçada.
Dias depois a bolsa estoura. Agua para todo o lado. Correria para o hospital. O artista maluco envia outros sinais de de que vai assinar com outra galeria. Medeleine vai atrás dele. Ashley e toda a família vão para o hospital, menos Medeleine que está na casa do artista negociando as compras e George que tem paradeiro desconhecido. Horas de trabalho de parto. Madeleine desaparecida. O bebê natimorto. George finalmente chega para consolar Ashely. Madeleine volta finalmente para casa com seu quadro. George e Madeleine voltam para Chicago... Get a Mac. O meu chega em outubro.
Música do dia: Himalaya e Solfeggeto. Disco. Sebastião Tapajós & Pedro dos Santos
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2 comentários:
Que bom ver uma nova postagem. Quase achei que o filme fosse alemão, por causa do título. Tava pensando em "a vida dos outros", um dos melhores filme que ´já vi. Lembrei de ti domingo, pois passaram três filmes com Montgomery Cliff, em homenagem aos 90 anos de seu nascimento. "De repente, no último verão"(Suddenly, Last Summer), Misfits e "a tortura do silêncio"(I confess). O primeiro, com Katherine Hepburn e Elizabeth Taylor, me surpreendeu. Falou de homessexualidade, preconceito de gÊnero e social sem se referir diretamente ao tema, "tabusíssimo" naquela época.
ab, Tar.
Po Tarcisio, mas o Suddenly Last Summer so fala disso mesmo e pra ser sincero nem sei se de maneira muito eficaz. Acho que tem um pouco daquela histeria toda do Tennessee Williams, para quem ja tive mais paciencia. Acho meio forcado aquele negocio da lobotomia. Repara so como as personagens dele sao sempre a mulher madura megera, a jovem meio doidinha, o brutamontes violento, o homosexual perseguido pelas ruas gregas... po siceramente...tudo muito esteriotipado.
MAs eu gosto do Motgomery Cliff. Gosto muito dele em A Um Passo da Eternidade. From here to Eternity.
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