Não sou botafoguense, ainda bem. Mas se fosse ficaria triste com o filme Garrincha -- Estrela Solitária. Esse é o sentimento que toma conta do espectador, independente do clube de coração, ainda no meio do filme. Um filme laudatório, formal e extremamente mal feito e mal produzido. O cinema brasileiro já vem fazendo isso há algum tempo, transformando excelentes biografias em filmes de qualidade e gosto duvidosos. Primeiro, com Olga de Fernando Morais, e agora com o fantástico Garrincha -- Estrela Solitária, de Ruy Castro – diga-se de passagem, sem reserva alguma, um dos melhores biógrafos brasileiros.
Não sei exatamente o porquê deste fracasso mas em relação ao filme em questão, Garrincha – estrela solitária, dirigido por Milton Alencar e com roteiro de Rodrigo Campos, me parece que o ator principal, André Gonçalves, não entendeu bem as duas faces do espírito de Garrincha, a alegria da juventude e a decepção do fim da vida – optando por interpretá-lo o tempo todo com uma expressão apática e distanciada dos anos de alcoolismo. Além disso, o roteiro, assinado Rodrigo Campos, me pareceu extremamente formal, optando por iniciar o filme exatamente pelo fim da vida, quando Garrincha, empobrecido, cheio de filhos, cheio de amantes e entregue à bebida, não era a sombra que foi, dando assim um aspecto decrépito ao mito. O filme mostra que a opção do flashback é sempre perigosa no cinema. Se não for bem feita, resulta e trabalho mal acabado e até desrespeitoso.
Não sei exatamente o porquê deste fracasso mas em relação ao filme em questão, Garrincha – estrela solitária, dirigido por Milton Alencar e com roteiro de Rodrigo Campos, me parece que o ator principal, André Gonçalves, não entendeu bem as duas faces do espírito de Garrincha, a alegria da juventude e a decepção do fim da vida – optando por interpretá-lo o tempo todo com uma expressão apática e distanciada dos anos de alcoolismo. Além disso, o roteiro, assinado Rodrigo Campos, me pareceu extremamente formal, optando por iniciar o filme exatamente pelo fim da vida, quando Garrincha, empobrecido, cheio de filhos, cheio de amantes e entregue à bebida, não era a sombra que foi, dando assim um aspecto decrépito ao mito. O filme mostra que a opção do flashback é sempre perigosa no cinema. Se não for bem feita, resulta e trabalho mal acabado e até desrespeitoso.
Além disso o filme, já que biográfico, deixou de fora vários pontos importantes que poderiam amarrar melhor a história. Por exemplo, as atuações do craque com os joelhos enxarcados de infiltrações em analgésicos, as batalhas judiciais em torno do divórcio da primeira mulher de Garrincha, representada por Dirceu Rodrigues Mendes, um advogado pralá de mau-caráter, e as inúmeras tentativas de retorno aos campos, jogando pelo nordeste e até mesmo em campos de várzea para conseguir alguns tostões no fim da vida.
Decepção. Não cheguei a ver Garrincha jogar, mas acho que a transposição da biografia do cidadão para a tela grande deveria ter sido um pouco mais cuidadosa. E olha que sou flamenguista, se eu fosse botafoguense escrevia um desagravo!
6 comentários:
Chico, neste momento tenho uma importante confissão a te fazer: sou botafoguense! De qualquer forma não considerarei o fato da sua escolha rubro-negra como um demérito em nossa relação de amizade. Afinal, os meus melhores amigos são flamenguistas e vascaínos.
Gostei muito da biografia "Estrela Solitária" do Ruy Castro (outra maravilhosa é "O Anjo Pornográfico", biografia do Nelson Rodrigues). Pena que destruíram a história do Garrincha com este filme...
Kovacs, não, de maneira alguma! Nossa inimizade se limita apenas às 4 linhas(risos). Fora delas somos o que somos nessa admiração mútua que é bacana. A brincadeira com os botafoguenses é pura pilhéria. Também tenho grandes amigos botafoguenses e vascaínos, e agora com essa revelacao bombástica, voce é mais um, pois a amizade está acima das escolhas equivocadas, incluido aqui a dos tricolores, do ser humano (gargalhadas).
Rapaz, tambem li o Anjo Pornográfico e gostei muito, mesmo. O Ruy Castro é um ótimo biógrafo e cronista da vida do Rio. Apenas fiquei decepcionado com o filme, pois aquela imagem visual de um ator interpretando um homem deprimido e apatico, não era a que tinha ficado quando li o livro. Concordo contigo que destruíram a imagem do Garrincha com o filme mal feito.
Grande abraco, Chico.
chico, como bom vascaino e amigo de flamenguistas, tricolores e mesmo de algum mequinha (a proxima camisa que vou comprar sera do America em nome do futebol do Rio...mesmo sendo mineiro...) voce tem razao com respeito a esse documentario. Comecei a ver o filme ha alguns anos mas acabei desapontado...nao deu pra continuar...no futebol eu tenho paciencia pra ver jogo ruim ate acabar pois de repente sai um gol aos 48 do 2o tempo...mas esqueca esse e veja o documentario que o Joaquim Pedro de Andrade fez sobre o anjo de pernas tortas..."Garrincha, alegria do povo" Coincidencia, ontem quase comprei esse filme..se comprar te empresto e vemos juntos...
Grande Viva, tambem fiquei desapontado com o filme, mas o lado bom é que poderei assistir ao do Joaquim Pedro de Andrade após esse desastre e apagar de vez da memória as imagens ruins do filme que assisti. Então, fico esperando pra assistirmos este, não sem uma Salinas!
A propósito, ando recebendo umas visitas ilustres por aqui...
Abraço.
Nota. Em outros tempos não lamentaria, mas ontem o Vasco jogou melhor.
Chico,
Como prometido, estou passando pra te avisar que o episódio da série "Grandes Livros" sobre Mau Tempo no Canal já está disponível.
Abraços
Obrigadissimo Ricardo! Assisto nessa semana ainda.
Abraço, Chico
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