Murilo Mendes

Minha Orfã

Porque não quis te olhar, ficaste cega.
Sei que esperas por mim
Desde o tempo em que usavas tranças e brincavas com arcos.

Sei que esperas por mim
Como o caminheiro espera a fonte no deserto.
Eu não queria te olhar
Por que me debrucei sobre o mito de outras,
Por que não me sabes dar, ó pobre amiga,
O sofrimento e a angústia que formam as catástrofes.
[…]

Fragmento de poema de Murilo Mendes do livro As Metamorfoses de 1938.

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