Amamos a vida quando podemos

Também nós amamos a vida quando podemos
Dançamos entre dois mártires e no meio deles erguemos um minarete de violetas ou uma palmeira.
Também nós amamos a vida quando podemos.
Ao bicho- da - seda roubamos um fio para tecer o nosso céu e estancar este êxodo.
Abrimos a porta do jardim para que o jasmim saia para a rua como um dia bonito.
Também nós amamos a vida quando podemos.
Na morada que escolhemos, cultivamos plantas vivazes e recolhemos os mortos.
Sopramos na flauta a cor da distância
desenhamos um relincho no pó do caminho.
E escrevemos os nossos nomes
pedra a pedra.
Tu, ó raio, ilumina a nossa noite, ilumina-a um pouco.
Também nós amamos a vida quando podemos.

Mahmud Darwich, poeta palestino, morreu no Texas no último sábado, após uma cirurgia no coração.
http://www.nytimes.com/2008/08/11/world/middleeast/11darwish.html?_r=1&ref=books&oref=slogin

Dos àrabes ainda restam vivos.
Tahar Ben Jelloun. Leaving Tangier, The sand child, This blinding absence of light
Elias Khoury. Gates of the city, Little mountain, The kingdom of strangers

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