“Teses sobre um homicídio” é um filme quase bom. Tem
todos os elementos de um filme de suspense dos bons. Tem o mestre experiente
duelando com o aluno talentoso, num ambiente acadêmico sem os expedientes de
baixaria e puxada de tapete típicos do círculo. O grande Ricardo Darín encarna Roberto
Bermúdez, um advogado, professor universitário respeitado, mestre
experiente que recebe um novo aluno bem talentoso
para um de seus seminários. O aluno é Gonzalo, filho de um casal amigo de
diplomatas de longa data de Bermudez. O jovem, antagoniza com o mestre um
intrincado jogo psicológico.
Gonzalo é um solteirão inveterado. Goza de uma posição
acadêmica estável, e para um homem em sua posição, não é difícil conseguir
arrastar uma aluninha ou outra, alpinista social, para o acalento de seu
bureau. Seu ceticismo, marca talvez mais da carreira de advogado criminalista que
da personalidade, transparece por completo em sua pratica docente. Fato é que, durante uma
das aulas, o corpo de uma moça é encontrado no estacionamento da faculdade,
aparentemente colocado de forma que Roberto pudesse avistar de sua janela e se
importar com a investigação do crime.
Pouco a pouco,
o professor descobre que a vítima era uma garçonete de um restaurante do qual
costumava frequentar. Entre idas e vindas, Roberto é levado a crer no
envolvimento de Gonzalo com o crime. Ao mesmo tempo, o rapaz tenta se aproximar
de Bermudez sugerindo uma disputa velada, deixando uma série de sinais, pistas
e frases, onde a vaidade perpassa a força bruta, nesse jogo de quebra-cabeça psicológico.
Ao mesmo tempo em que tenta desvendar a autoria do crime, Bermúdez inicia uma
relação protetora e obcecada com Laura (a
bonitinha Calu Rivero), a fragilizada
irmã da vítima.
Bom, mas vamos lá. Vamos dar uma renegada básica a
condescendência da empolgação e vamos supor
que um estudante, não dois, apenas para provar a si mesmo que pode cometer o crime
perfeito, desafia os amigos e o professor, e resolve convidá-los para uma
reunião no apartamento dele, e serve a comida em cima de um baú onde está
escondido o corpo da vítima. Pois é, quem pensou em Patrick Hamilton, ou melhor
em Rope, ou melhor, O Festim Diabólico, ganhou duas balas Juquinha. O filme tenta
ousar na construção da trama, fugindo exatamente do pastiche do filme do Hitchcock,
mas deixa um pouco a desejar nas resoluções das pequenas tramas.
Música do dia: Choro Triste – Rogério Souza. Violão
Brasileiro.
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