Carajos -, suspiró. - !Cómo voy a salir de este laberinto !




Em “El general en su laberinto,” Gabriel Garcia Marques relata os últimos meses da vida de Simon Bolivar e sua viagem até a cidade de Santa Marta. No trajeto, um Bolivar velho, acabado, demasiadamente humano com seus defeitos, arrogâncias, paixões e deseganos de amor, desvela-se e desmonta-se o mito calcado em façanhas militares. Exausto fisicamente, aos 47 anos de idade, Bolívar é uma sombra.

É uma novela narrada em terceira pessoa com idas e vindas a eventos específicos da vida de Bolívar. Começa em Maio de 1830 em Santa Fé. O general se prepara para uma viagem a Cartagena das Índias e posteriormente para a Europa. Domingo Cayedo, seu então vice-presidente, tarda em autorizar a viagem e a cada cidade em que chega, é recebido como herói pelos seus seguidores políticos. Os flash-backs, mesclam-se com um certo sentimentalismo típico das reminiscências ansiãs.

O panorama psicológico que Marques traça de Bolívar não é menos complexo. Situa o homem num labirinto interminável criado por ele mesmo e pelos que foram pouco a pouco desconstruindo sua obra frágil e ousam desventar sua alma. Um homem cínico e amante das mulheres, pois por cada cidade que passava, apaixonava-se, fazendo-as sentir, a cada uma e a todas, como únicas. Um homem de poucos amigos, taciturno e de um silêncio forjado pelas mortes em campos de batalhas, porém retórico. Um homem compadecido de cães vadios, os quais recolhia pelas ruas, onde os encontrasse. Enfim, um tipo autoritário e combativo na juventude, dando lugar a um ser doente e auto-inflectivo.

Entretanto, esse herói, com traços de inconsequência, era já um herói desiludido nesses últimos meses de vida. Desiludido com a idéia de unir uma América perdida na luta entre Federalistas e Separatistas. Um homem que, em virtude destas desavenças, deixou pelo caminho o difuso – para ele mesmo - objetivo Federalista, que de tão visceralmente defendido, acabou por criar inimigos em todos os lugares. Um destes foi Santander, ou Cassandro, um então amigo de longa data, e que tinha sido seu vice-presidente desde o Congresso de Cúcuta e a Assembléia Constituinte, que em 1821 quando se estabeleceu a Gran Colômbia, e que anos depois mesmo exilado em Paris detratava-o com a intenção de anulá-lo politicamente. Bolívar desconfiava, desde então, que Cassandro tramava para assassiná-lo.

“La prensa adicta al general Francisco de Paula Santander, su enemigo principal, había hecho suyo el rumor de que su enfermedad incierta pregonada con tanto ruido, y los alardes machacones de que se iba, eran simples artimañas políticas para que le rogaran que no se fuera”.

“-La verdadera causa fue que Santander no pudo asimilar nunca la idea de que este continente fuera un sólo país--, dijo el general”.
Alguns personagens secundários como o mordomo José Palacios, a quem Bolívar tinha confiança plena, era um homem analfabeto, porém segundo Bolivar, um homem de grande sabedoria e com uma memória inqualificavel. Atedia a Bolívar em todos os momentos, velava suas noites de crises hepáticas, enfim um homem de completa confiança para um homem que “Siempre tuvo a la muerte como riesgo profesional sin remedio. Había hecho todas sus guerras en la línea de peligro, sin sufrir ni un rasguño, y se movía en medio del fuego contrario con una serenidad tan insensata que hasta sus oficiales se conformaron con la explicación fácil de que se cría invulnerable”.

“Examinó el aposento con la clarividencia de sus vísperas, y por primera vez vio la verdad: la última cama prestada, el tocador de lástima cuyo turbio espejo de paciencia no lo volverá a repetir, el aguamanil de porcelana descarchada con el agua y la toalla y el jabón para otras manos, la prisa sin corazón del reloj octogonal desbocado hacia la cita ineluctable del 17 de diciembre a la una y siete minutos de su tarde final. Entonces cruzó los brazos contra el pecho y empezó a oír las voces radiantes de los esclavos cantando la salve de las seis en los trapiches, y vio por la ventana el diamante de Venus en el cielo que se iba para siempre, las nieves eternas, la enredadera nueva cuyas campánulas amarillas no vería florecer el sábado siguiente en la casa cerrada por el duelo, los últimos fulgores de la vida que nunca más, por los siglos de los siglos, volvería a repetirse”.

O general nunca deixou a América do Sul. Terminou sua jornada em Santa Marta, completamente enfraquecido politica e fisicamente. Marques narrou uma morte pobre e nas sombras e reforçou a idéia de que uma América única, talvez estranha aos brasileiros, que sempre olham para os intuitos de Bolivarismo com uma certa desconfiança, calcada no mito heliodrônico, nasceu fadada.

Foto de Bolívar na Praça Juliano Moreira. Botafogo.

Nenhum comentário: