De um varão em mil casos agitados,
Que as praias discorrendo do Ocidente,
Descobriu recôncavo afamado
Da capital brasílica potente;
Do Filho do Trovão denominado,
Que o peito domar soube à fera gente,
O valor cantarei na adversa sorte,
Pois só conheço herói quem nela é forte.
Revirando nossos mitos de origem fatalmente nos deparamos com a figura de Caramuru. Ate hoje, desde que li a Ernst Cassirer, tenho minhas desconfiancas sobre herois nacionais e a construcao de seus mitos. E chega a ser meio curioso como o brasileiro criou formas simbolicas para manter estruturas de pensamento e percepcoes da sua realidade que acabam sendo paradoxais. O poema de Santa Rita Durao, apesar de belo, tem umas pilantragens ufanistas imperdoaveis, reforca uns valores civilizatorios cretinos e chega a tornar qualquer critica que eu faca um ensaio calhorda, uma mediatriz entre o culturalismo e o determinismo cultural.
A lenda, que vale a pensa ser lembrada, reza que Diogo Álvares Correia foi um naufrago portugues que acabou recebendo dos Tupinambas a alcunha de Caramuru. Caramuru, na lingua dos Tupinambas, vinha a ser uma especie de "Homem do Trovao," tal qual Santa Rita Durao expressa no trecho acima, pois vendo-se prestes a ser atacado por um grupo de indigenas, Diogo Alvares lanca mao de seu mosquetao e mata um passaro. Os indios, com tao sugestivo argumento, afugentaram-se.
Interessante e ver como o mito de Diogo Álvares Correia atravessa a historia como um heroi civilizador, o primeiro europeu a viver em terras brasileiras e responsavel pelos contatos entre administradores e missionarios com os indigenas. Mais ainda, eh interessante perceber como sai das paginas de Santa Rita Durao e eh apropriado pelo Partido Restaurador no Imperio chegando totalmente avacalhado e esculhambado numa serie da Globo.
Pois eh... depois falam mal do John Ford. Tem nada nao, a gente merece.
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