Assisti ao Me and You and Everyone We Know saido do forno. Numa tarde de domingo. Ano passado, talvez. E Street, certamente, pois não há outro local. Por que só agora escrevo sobre esse filme? Sinceramente, não sei. Mas, algumas passagens do filme me vieram a mente minutos depois de ter com meu camarada Rodrigo Patto e sua incansável tentativa de encontrar un sentido na solidão americana. O filme trata das estórias de Christine, uma artista plástica iniciante - e desconfio não muito talentosa - que vive uma constante oscilação entre fantasias diversas e realidade, quer na sua arte quer na sua própria vida; e de Richard, um vendedor de calçados numa loja de departamentos, separado e pai de dois rapazes. Do encontro dos dois poderia-se esperar muito, principalmente por ele, pensando que estava sempre preparado qualquer acontecimento inusitado, deixa, não sem pânico, a espontânea Christine entrar na sua vida. Poderia-se esperar ao menos que da falta de rumo na vida de ambos surgisse algo mais que uma espécie de amizade onde um passa a depender do outro, sem saber ao certo quem teria ascendência sobre quem. Mas eu acho que é exatamente essa falta de perspectiva, essa obliquidade para onde a solidão os empurra, e o consequente retraimento involuntário que Miranda July, protagonista e diretora, quis impor ao roteiro, pois senão veja, todos os demais personagens vivem os efeitos dessa poética e penetrante condição da realidade americana moderna. Os exemplos? Robby, filho de 7 anos de Richard, mantém um romance internético com uma desconhecida, que não revela nem para seu irmão mais velho, que por sinal, vive em sua sanha onanistica a procura das meninas da rua para ‘iniciar-se’ – deixemos assim nesses termos ambíguos.

Enfim, todos, a seu modo, procuram laços de união. Mas ai tudo acaba degringolando.... O que prometia ser um bom filme acabou frustando totalmente. O que tinha tudo para ser um filme doce, divertido e sensivel sobre destinos desamparados a procura de laços que os unissem, virou uma estória desiteressante, onde a amiga secreta de Robby, filho de Richard, é a dona da galeria de arte onde Christine, amiga de Richard, deseja expor. E o filme acaba. Assim. Com todos solitarios, não mais solidários, novamente.

Não lembrei de falar desse filme na conversa do almoço com o Rodrigo, estudioso do comunismo brasileiro, mas também não sei se ele entenderia – como eu, a muito mais tempo aqui, não entendo - que para haver entendimento sobre solidão americana é necessário compreender que mesmo num filme eufemista há uma emanação realista dele todos os dias assim que se sai de casa pela manhã em direção ao trabalho. É só imaginar. Por isso não acho nenhum filme extraordinário como os criticos babacas do CityPaper me enganaram na época.
Preferimos falar da sua pesquisa, da constrangedora constatação de que as universidades brasileiras tiveram um boom de crescimento durante a ditadura, das recentes memórias de Jorge Amado, dos inumeros processos contra Enio Silveira da Civilização Brasileira - e minha alusão sobre o filme the apartament que só nós saberemos a que se refere - e do republicano espanhol Max Aub, ou seja preferimos falar de nós e de alguns que conhecemos, no que fizemos muito bem.

http://www.meandyoumovie.com/

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