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The Examiner

Uma nova batalha começa para o Nobel Obama. O vespeiro se chama política imigratória, que é sempre a carta na manga dos conservadores para agitar as vespas da xenofobia. Tirar do banho-maria a legislação imigratória americana, que vem sendo requentada desde a era Bush, vai ser um dos desafios do presidente... do presidente que promete...


A legislação imigratória é o passo seguinte que os conservadores querem concatenar, através de lobbies e analistas políticos desonestos, para bloquear no Senado as negociações para a reforma da saúde. Mas o que uma coisa tem com a outra? Simples. Os conservadores argumentam que Obama usa clichés do credo social-democrata, que obviamente não se ajustam à tradição liberal americana, para minar as bases de sustentação da tradição liberal americana. Pode até ser. Mas como esse argumento é um tanto vago e impreciso, argumentam que a dívida pública já ultrapassa 12 trilhões de dólares e que o sistema de saúde almejado por Obama e pelos democratas, onera ainda mais os cofres públicos. O fato é que tal política  favorecerá uma faixa social com renda familiar de 30 a 50 mil dólares anuais. Nesta faixa de renda se incluem os imigrantes (legais ou ilegais, com mão de obra especializada ou não...).

Não custa perceber o porquê do embaraço de Obama com o Nobel nas mãos. E olha que nem estamos falando de política externa, ainda.

Um artigo do de hoje do The Examiner, um jornal local de circulação livre apenas nos arredores da capital de Vanuatu,  muito me deixou intrigado sobre os propósitos deste tal de M.B., autor do artigo.




Is Congress, behindhand on Barack Obama's deadlines on health care and cap-and-trade legislation, and flummoxed by the failure of the stimulus package to hold unemployment below 10.2 percent, prepared to address the immigration issue next year?

Homeland Security Secretary Janet Napolitano says it better be. The current situation, she told the Center for American Progress on Nov. 13, "is simply unacceptable." We need a "three-legged stool," with provisions to strengthen enforcement, legalize some illegal immigrants and improve "legal flows for families and workers."

This sounds a lot like the comprehensive legislation, backed by the Bush administration, that never came to a vote in the Republican House in 2006 and was rejected by the Democratic Senate in 2007. But, as Napolitano correctly noted, the facts on the ground have changed in the last two years.

Ironically, the push for legalization in 2006-07 resulted instead in stronger enforcement measures. Some 600 miles of border fence have been built, the Border Patrol has been vastly expanded and the E-Verify system for determining whether job applicants are legally in the country has shown its worth.

It's probably not a coincidence that Arizona, where E-Verify is most widely used and where Napolitano used to be governor, had a statistically significant drop in its foreign-born population percentage in 2007-08. The Obama administration may be skinning back on some enforcement procedures. But states and localities are moving forward and the momentum seems to be toward stricter enforcement of existing law.

Even more important, the flow of immigrants into the United States is slowing dramatically, and may be reversing. The Pew Hispanic Center notes that the number of immigrants from Mexico in 2008-09 is down three-quarters from four years before. The Center for Immigration Studies estimates that the number of illegals in the U.S. declined by 1.7 million, or 14 percent, in 2007-08. Government figures show that border apprehensions, a statistic that is often taken as a proxy for illegal crossings, fell 23 percent in 2008-09 from the previous year and was only one-third the number in the peak period of 2000-01.

Those numbers obviously reflect a response to deep recession as well as the effects of tougher enforcement. They suggest a much smaller immigration flow and significant reverse migration back to countries of origin in the years ahead.

The 2006 and 2007 comprehensive immigration packages were premised on different facts. An approach more in line with current realities comes from a bipartisan panel assembled by the Brookings Institution and Duke University's Kenan Institute.

The Brookings/Kenan panel would provide for legalization of less than half of current illegals, with stringent requirements and only after stepped-up workplace enforcement provisions reach stated levels of use and effectiveness. Technology should allow programs like E-Verify to screen job applicants for legal status in a way that was promised but never delivered by previous immigration laws.

In addition, the Brookings/Kenan panel urges a sharp reduction in the number of green cards for relatives beyond the nuclear family of current legal residents and a sizable increase in admissions of high-skill immigrants. This is the approach taken, with good results, by Canada and Australia, which liberalized their immigration laws after our 1965 law opened the floodgates.

These proposals address the political reality that any new immigration bill must have bipartisan support, because the issue poses dangers for both Democrats and Republicans.

Conditioning legalization on more effective enforcement procedures could give Democrats cover from attacks for supporting amnesty. They could argue, accurately, that enforcement has become more effective and that they voted to make it even tougher.

Changing admissions requirements from favoring extended family members to favoring high-skill immigrants could give Republicans cover from charges that they are anti-immigrant. They could argue that, in a time of high and extended unemployment, it makes sense to switch from admitting job seekers to admitting job creators.

The 1965 and 1986 laws resulted in a large illegal immigrant population because they promised things that proved beyond the capacity of government to deliver. Now that a combination of public indignation and high-tech ingenuity have increased government's enforcement capacity, and while the inflow of immigrants is slowing and an outflow of illegals may be accelerating, we may have reached a point when we can put in place immigration laws with enforceable limits and that encourage an influx of the kind of immigrants we need most. Can Congress act?

M. B. The Examiner's senior political analyst, can be contacted at xxx@washingtonexaminer.com. His columns appear Wednesday and Sunday, and his stories and blog posts appear on ExaminerPolitics.com.

UTNE

Revista diferente, irônica e ao mesmo tempo séria. Supostamente uma das melhores revistas da imprensa alternativa de Vanuatu. Encontrei uns números hoje na casa de um amigo, folheei e já trouxe uns 5 números antigos comigo. A tiragem é baixa, mais ou menos uns 2000 exemplares por mês, já que supostamente é uma revista para yuppies que se importam com algo no mundo.

No número desse mês dalailama está na capa apenas como eufemismo para mostrar uma lista de 50 pessoas que hoje pegam no pesado para mudar o mundo. A lista começa com o poeta Christian Bök, passando pela ativista Noah Baker que trabalha com ajuda humanitária no Iraque, a Bob Stein co-fundador do Institute for Future of the Book, e terminando a lista com Patricia van Nispen diretora da ILA Microjustice for All.

Além da lista, no mesmo número uma repostagem ótima sobre os médicos que participaram das tortura em abugraibe forjando laudos e prontuários de presos.

Recomendo. As reportagens são curtas, objetivas e bem escritas.

Muros

Lendo essa reportagem da BBC, nesta semana - onde sobra até para o Rio de Janeiro - , chego a uma conclusão gravíssima... somos todos figurantes de uma promessa sem premissas. Quem não se lembra no final da década de 80 de Reagan desafiando Gorbachev, Tear down this wall!. Vivemos a segunda metade do século XX forçados a pensar que aquele muro construído em 1961 representava a opressão. O problema é se dar conta do engano tarde, tão tarde.



http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_depth/world/2009/walls_around_the_world/default.stm

Enquanto isso, no Oriente Médio...



A edição da Wired deste mês traz uma reportagem fantática e chocante sobre as fotos dos arquivos do The National Museum of Health and Medicine, em Washington DC, relacionadas à II Guerra Mundial. Nesta ai de cima, o cidadão que degusta seu Captain Black pulveriza uma casa na Itália com DDT e querosene em fevereiro de 1945 - esta foi a imagem mais levinha que consegui, já que há outras muito melhores, ou piores, dependendo do ponto de vista.
http://www.wired.com/science/discoveries/multimedia/2009/03/gallery_WWII_photos

Música do dia. Inferno. Nação Zumbi. Disco: Fome de Tudo.

O homem de palavras

O discurso político eficiente, requer retórica própria. E a persuasão é uma regra básica da retórica. Aristóteles sabia disso e nos ensinou uma palavra mágica, Ethos, para definir a parte da retórica que estabelece a bona fides do orador, seja ele político ou não. Assim sendo, o camarada pode escolher caminhos diametrais para ser persuasivo, usando o Logos, o Pathos, ou ambos. Ou seja, um exemplo literário claro, já que no estamos falando de outra coisa, poderia ser expresso de três formas: Ethos ( compre meu livro por que me chamo XYZ); Logos ( compre meu livro, leia-o, pois nele há uma estória que pode te dizer algo); Pathos (compre meu livro, mesmo que não o leias, caso contrário torço o pescoço do teu bigglesworth). Evidentemente que estes caminhos são diametrais porém não excludentes.

Pode ser ilusão, mas em termos de discursos, as semelhanças entre Obama e Kennedy foram comentadas durante as eleições americanas. O poder da retórica dos dois foi alvo de comparações e, justamente, por esta capacidade de argumentar não necessariamente se tornaram presidentes, mas sem dúvida políticos notórios. Tenho 4 sisos há quase 20 anos, e não sou ingenuo em afirmar presidentes se sustentam simplesmente pela força da retórica até por que as biografias pesam e pesam muito. Há diferenças. Kennedy era filho de um especulador imobiliário em NYC, de um prevaricador que por tráfico de influências fechava negócios milionários e lavava a grana em ramos da metalurgia, importação de àlcool durante a Prohibition, e filmes para Hollywood. Quando Jack assumiu o poder, estima-se que a fortuna do pai beirava os 400 milhões de dólares. Obama é filho de universitários, um queniano e uma americana. Isso explicaria muito de sua trajetória se ele continuasse sendo apenas um advogado de direitos civis, ou apenas um brilhante e dedicado presidente de Harvard. Mas não, o camarada tornou-se aos 34 anos escritor sensível com Dreams of My Father, presidente e mito aos quarenta e poucos anos.

No nível retórico, estou sinceramente curioso para ouvir as palavras de Obama em seu discurso de posse já que os discursos de posse imprimem as marcas pessoais dos presidentes. Como se fossem os selos que suas administrações mostrarão. Portanto, são diferentes dos discuros de camapanha. Até por que o discurso de campanha é um, o discurso inaugural é outro, e os discursos no poder são outros – estes sim diametralmente diferentes dos dois anteriores. Analisar os discursos de posse dos presidentes pode ser diletantismo mas é um exercício interessante. Kennedy disse em 1961:


“[...] não perguntem o que o seu país pode fazer por vocês, perguntem o que vocês podem fazer por seu país. Cidadãos do mundo, não perguntem o que os Estados Unidos podem fazer por vocês, e sim o que podemos fazer juntos pela liberdade"


Estes eram tempos de Eisenhower, da Guerra Fria, da neurose anti-comunista. Os americanos ainda não tinham ido para o Vietnã e a política da Détente nem era sonho.

Eu ainda podia citar mais dois exemplos de discursos clássicos recentes. Um deles o de Reagan em 1981: "Na atual crise, o Estado não é a solução para nosso problema; o Estado é o problema". Estes eram tempos da Dama de Ferro, monetarismo, fim dos programas socias, da Guerra nas Estrelas, da onda New Wave e de muitas outras coisas esquisitas.

Ainda nessa linha poderiamos citar o discurso de posse deste que sai – o qual me recuso pronunciar o nome. Em sua segunda posse, em 2005 disse:


"A política dos Estados Unidos é apoiar a expansão dos movimentos e instituições democráticas em todos os países e culturas, com o objetivo último de pôr fim à tirania em nosso mundo[...]"


“[...] pois enquanto regiões inteiras do planeta fervilharem em ressentimento e tirania inclinadas a ideologias que alimentam o ódio e perdoam o assassinato, a violência gerará e multiplicará seu poder destrutivo, cruzará as mais defendidas fronteiras e representará sempre uma ameaça mortal. Existe apenas uma força na história capaz de pôr fim ao reino do ódio e do ressentimento, de expor as pretensões dos tiranos e recompensar as esperanças das pessoas decentes e tolerantes, e é a força da liberdade humana[…]”.



Estes foram tempos de torturas de Abu Ghraib televisionadas, relatórios falsos na Assembléia Geral da ONU televisionados, enforcamento de tiranos televisionados, e uma grande apatia por parte dos telespectadores. Um Logos sem Ethos. Um Pathos com o Logos de manipular as emoções da audiência.

Em poucas horas Obama fará seu discurso de posse. Vai dar tudo certo. Eu também hope .

Dia de Merda

"Em um dia do homem estão os dias
do tempo, desde o inconcebivel
dia inicial do tempo, em que um terrível
Deus prefixou os dias e agonias,
até aquele outro em que o ubíquo rio
do tempo terrenal torne a sua fonte,
que é o Eterno, e se apague no presente,
no futuro, no passado o que agora é meu.
Entre a aurora e a noite está a história universal.
Do fundo da noite vejo a meus pés os caminhos do hebreu,
Cartago aniquilada,Inferno e Glória.
Dá-me Senhor, coragem e alegria
para escalar o cume deste dia."

J.L.Borges

Declaração da inutilidade de meu voto


Falta 3 dias e algumas horas para uma das eleições mais importantes da historia dos Estados Unidos desde, talvez, a de Roosevelt ou quem sabe Lincoln. Não criei este espaço para falar de política. Que Bertold Brecht me perdoe, mas não gosto de politica e nem por isso me considero um analfabeto político. Acredito piamente na máxima do historiador Marc Bloc sobre a qual os eventos políticos estão na epiderme, e portanto, por isso, tornam-se irrelevantes para a história. Mas não posso deixar de comentar este fato importante: Faltam 3 dias para todos se livrarem da ignorância crapulosa, da desgraça invencível, da desmoralização, da penúria absoluta que se abateu sobre as cabeças de todos nós – e aqui incluo você - desde 2001.

A falta de 3 dias para um fato - que fique claro - não é um fato, pois não se pode fazer do apenas iminente um algo concreto. Mas a ansiedade é tamanha, que me deixei contagiar pela ilusão de que a falta de três dias já é sobranceiramente um evento que sintetiza a esperança no futuro e ao mesmo tempo o medo de que a ilusão perdida numa era perdida aprofunde o fosso do obscurantismo oportunista dessa era, que em três dias terminará.

No fundo, pouco importam os três dias, pois qualquer apedeuta que como eu que tenha lido Robert Dahl ou Lijphart sabe que o voto é irracional e que há sempre algo estranho na estabilidade política de regimes bi-partidarios, como este. Eu, particularmente, não acredito no voto por dois motivos muito mais prosaicos e admito um tanto retóricos: primeiro, pelo total desconhecimento como se constrói a imagem de um candidato a presidente; segundo, pelo fato de que a fé na vitória, assenta-se na defesa emocional de ideologias e valores morais apelativos.

Fato é que há 3 dias das eleições, a minha esperança ainda está no ar. É etérea. Democratas e Republicanos não cantam vitória ainda, por um motivo claro. Sabem que as eleições americanas não são simples. A certeza do futuro não existe. Democratas sabem que levam no voto popular California, NY e outros estados ricos e importantes, mas não sabem se levam os voto colegiado dos delegados de estados da caipirolândia. Ainda paira sobre a cabeça dos Democratas a sina dos 5 votos que faltaram para Gore se eleger no Colégio Eleitoral, mesmo que tivesse conquistado meio milhão a mais no voto popular. Ainda paira sobre a cabeça dos Democratas uma coisa pior, o fantasma da fraude eleitoral baseado nos Southern Sheriffs, nos desdentados do Wall-Mart, na felicidade histérica do Good Morning América da ABC, nas notícias manipuladas da Fox News, no assombro dos fantasmas de Cheney e de Edgar Hoover e nos ativistas cristão-pseudo-fascistas que tentam induzir o voto de americanos ignorantes.

Não sei se já disse que não creio no voto, e o proselitismo, é mais um dos motivos que me levam a desconfiar. E um idiota pode até levantar-se e dizer, o Chico não acredita na Democracia! Não só acredito, como considero-a indispensável para perpetuar os princípios democráticos calcados na justiça, na liberdade, na igualdade e na solidariedade. Ideais vagamente defendidos por Obama. São esses mesmo ideais democráticos que alimentam a minha esperança de que o GOP seja derrotado e com ele o eleitor arquetípico conservador, obeso e branco, religioso e obscuro, que defende os valores da família dentro de seu SUV, opõe-se ao casamento de veados, e ao finaciamento do aborto com recursos públicos – valores que por sinal, são defendidos pela última flor do láscio, a calipígia porém palilógica, Sarah Palin.

Barack Obama pode ser eleito em 3 dias. Se eu votasse, votaria, cético, nele. Cético, pois não acredito na sua proposta de espalhar a riqueza aumentando o imposto dos mais ricos e distribuindo a riqueza aos pobres; não acredito que ele jacksonianamente terminará com a permissividade regulatória, cara a Greenspan e Bush; não acredito que assumindo a presidência - se de fato for eleito e vier a assumir – abandonará as idéias liberais e adotará algumas poucas idéias intervencionistas, tal como Roosevelt fez em 1932, pois quando chegou, este, de alguma maneira, herdou melhores condições que o próximo presidente herdará. Além do mais, há três dias das eleições, não acredito que uma campanha muito mais rica que a de John McCain sustente as promessas eleitorais feitas até agora. Acima de tudo, pelo pouco que vi até agora, não acredito que o desdentado-cristão-pseudo-fascista-conservador-branco-pro-life vote em Obama. Ainda assim, mesmo não tendo todos os dentes bons mas tendo um bom atestado de antecedentes Iluministas, se eu votasse, mesmo não acreditando nos políticos, votaria, cético, em Barack Obama.

Policial civil é baleado em tentativa de assalto

Policial civil é baleado em tentativa de assalto
Desde terça-feira, é o terceiro policial ferido. Seis agentes morreram em cinco dias.

O policial civil Richard Valença Braga, de 37 anos, foi baleado durante uma tentativa de assalto na saída da Linha Amarela, na altura de Del Castilho, no subúrbio do Rio, na manhã desta quarta-feira (23). Na terça-feira (22) um policial foi morto e dois ficaram feridos. Ao todo seis agentes morreram desde a última sexta-feira (18) vítimas de ataques. As informações são do serviço reservado do 3º BPM (Méier).

Segundo a polícia, Braga seguia em seu carro por volta das 7h quando foi abordado por três homens num veículo e teria reagido. O policial, que trabalha na Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), foi atingido no abdômen e na perna esquerda. Ele foi levado para o Hospital Salgado Filho, no Méier, no subúrbio. De acordo com informações da Secretaria municipal de Saúde, ele já foi operado, e passa bem. Seu estado é estável. Os suspeitos fugiram sem levar o carro.

Seis mortos e três feridos

Desde sexta-feira (18), seis policiais foram mortos e dois ficaram feridos. Na sexta, morreram o cabo Kleber Amparo foi morto em Niterói, na Região Metropolitana, o soldado Márcio de Oliveira Mendonça, em Bangu, na Zona Oeste, e Paulo Craveiro, que trabalhava no Detran, em Olaria. No dia 19, foram mortos o cabo João Luiz de Souza, em Campo Grande, na Zona Oeste, e o sargento Marcos Patrillo Mercês, em Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense. Na terça-feira (22), o sargento Edgar de Freitas Navarro, morreu em Cascadura, no subúrbio do Rio.

Além do policial civil Richard Valença Braga, baleado nesta quarta (23), em Del Castilho, no subúrbio, também foram feridos na terça-feira (22) o sargento Carlos Vargas de Lima, durante uma tentiva de assalto, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e o cabo Ueslen de Carvalho Guimarães, em Guaratiba, na Zona Oeste.

Breve biografia do Richard:

Eu o conheci antes de entrarmos para a faculdade, e nao por acaso ele é um dos caras que admiro.

Passamos juntos no vestibular. Ele foi primeiro lugar em sociologia na UERJ e UFRJ. Com 18 anos, totalmente auto-didata, e dominando a escrita como poucos, ja conhecia boa parte da obra de Freud e Jung, alem de filosofia classica - acho que até hoje guardo as cartas que ele me enviava sugerindo leituras, dentre elas um livro que guardo até hoje do Ralph Linton. A propósito, foi um dos primeiros lugares no mestrado em antropologia do Museu Nacional. Lembro que quando nos encontravamos para um cafe acabavamos sempre conversando sobre Sergio Buarque e Gilberto Freyre, autores que eu comecava a descobrir e ele ja estava careca de ler. Era tao distinto que inspirava respeito nao so dos alunos, mas dos professores. Mas de repente, decidiu abandonar a vida academica - eu sempre tive a impressao que ele era brilhante demais para essa vida. Penou trabalhando numa livraria até decidir fazer o que queria, ser policial civil. Ha pouco mais de um ano, tomou um tiro de fuzil numa operacao numa favela. Por esses segundos e milimetros controlados por forcas maiores que podemos perceber mas nao entender tampouco ver, a bala nao tocou a arteria femoral.

E ontem recebi essa nova noticia.

Desde ontem não paro de pensar que nos Estados Unidos - um lugar onde a tensao entre um policial e um bandido não é menor - um bandido não tem sequer a coragem de pensar em atirar num policial. E eh por isso que as vezes penso seriamente em me tornar um ex-carioca.

O Richard vai sair dessa. Só isso.

Vaselina e Guerra Fria

Sem um log-in o serumanu não vale nada. Ontem fiquei sem log-in, password e tive todos os acessos aos meus arquivos do trabalho negados. O pessoal do centro de tecnologia disse que foi pobrema ténico. Fui do Ser ao Nada num pulo e fiquei indignado comigo mesmo.

Sem p. nenhuma pra fazer, resolvi ler, obviamente. Me caiu nas mãos um livro sobre Dean Acheson. O Acheson foi um advogado e homem de Estado americano. Portanto não foi santo. Colaborou com Roosevelt e Truman. E com o segundo chegou a ser secretário de Estado desempenhando um importante papel na Guerra Fria. Quem for reparar bem, tem dedo dele em basicamente em toda as instituições pós-guerra ( Doutrina Truman e Plano Marshall, OTAN, Banco Mundial e FMI, além de convencer a Truman de mandar tropas para a Coréia).


O calhamaço de Robert Beisner (Dean Acheson: A Life in the Cold War) é de perder o fôlego. São 800 páginas que evidentemente não li nem 10%, mas que tem passagens interessantes. Não deixa de ser interessante quando Beisner fala da animosidade pessoal entre Acheson e McCarthy no episodio da caça às bruxas. Acheson fez de tudo para defender seus subordinados, do Departamento de Estado, contra a fúria obsessiva de McCarthy. Essa briga iria perdurar por anos e determinar a saida dele da admnistração Truman. Obrigado à vida privada abriu um escritório de lobby bem em frente a Casa Branca e, por suas convicções, passou a ser uma eminência parda de Kennedy durante a crise dos misseis.

Somente um tipo como ele poderia lapidar uma frase tão simple e ao mesmo tempo tão defnitiva... "O memorando não está escrito para informar ao leitor, mas para defender o autor."


Os economistas chamam a isso de Risk Averse. Eu chamo de CYA - Cover Your Ass.







Musica do dia:Siegfrield's Death and Funeral March - Wagner - do terceiro anel .
A senhorita ai se chama Amy Winehouse e ganhou o Gammy Awards nesta semana. Por ter consumido craque e ser filmada consumindo a parada, teve o visto negado para entrar no USA.
Nunca, em toda a minha existência, cheguei a pensar que poderia concordar com uma decisão tão estúpida como esta de impedir o direito à liberdade de ir e vir. Mas no caso de Winehouse... acho que a decisão do burocrata que se negou a carimbar o passaporte da figura, justiça seja feita, foi acertadíssima.....

Ouvi duas musicas dela Fuck Me Pumps e Stronger Than Me. Nem aguentei ouvir tudo. Em terra de Aretha Franklin, Cassandra Wilson, Dinah Washington, Carmen McRae, Hollyday e Fitzgerald... é até desrespeito falar em Amy Winehouse. Aliás, Amy o quê?

Aqui não entra, mas aposto que em terra de Elis, Clementina, Betânia, Elizeth e Elsa Soares... ela entra. Afinal, Pindorama é ou não é a Terra dos Papagaios.

Musica do dia. Come in Out of the Rain. Carmen McRae

Sicko na verdade é uma doença mental


O novo documentário de Michael Moore, Sicko, chegou as telas daqui nesse último fim de semana. Chegou já causando barulho. Não por uma parte essencial da narrativa se passar exatamente em Cuba, mas por que mostra que nessa história de saúde, planos, cuidados com a vida, não existem boas intenções.

Mas, a porpósito, por ter filmado parte do documetário na terra de Fidel, violou o embargo que os EUA promovem contra a ilha. Assim, Moore terá que se ver com a justiça americana. Não deve dar em nada, mas ele chegou a temer que o governo usasse isso como pretexto para embargar a estréia do filme nos EUA, no último fim de semana. O que aparentemente não aconteceu, pois o lobby dele (Millenium e MGM) que conta com a ajuda providencial de Bob Weinstein, fundador da Miramax, cá pra nós, também não deve ser faco.

Enfim, o filme retrata a miséria promovida pelos milionários planos de saúde americanos (Cigan, Aetna....) a milhões de americanos que vivem à margem do sistema. Um dos fios condutores da narrativa centra-se no drama de 3 ou 4 bombeiros e voluntários que trabalharam no resgate das vítimas do atentanto contra as torres gêmeas. Retrata a vida desses bombeiros e enfermeiros que hoje em dia convivem com doenças pulmonares causadas pelas várias semanas que ficaram aspirando pó, fumaça, e miasmas dos corpos sob os destroços do World Trade Center. Por serem voluntários, na época, foram tratados personagens que engrossavam o caldo dos heróis anônimos que participaram do resgate de milhares de corpos sob os escombros da vergonha de todos. Hoje, através das lentes de Michael Moore, fazem parte do grupo de americanos que não tem acesso ao sistema privado de saúde, e que pagam um preço alto por isso.
A miséria destes e de muitos outros começou num passado não muito distante de 2001. Começou mais especificamente no governo republicano de Richard Nixon que deu as primeiras cartas brancas para a Kaiser Permanent operar com as contas de alguns sindicatos americanos, como o dos professores da California - mas isso não está no documenário. Com o passar dos anos, as pessoas foram vendo que as coisas não estavam bem paradas e Hilary Clinton – meio que oportunisticamente pois aproveitou-se da face free-rider de primeira dama - tentou resgatar a discussão de um sistema de saúde unificado. Os sindicatos e lobbies do setor compraram, subornaram, negaram e recusaram a proposta do que eles chamavam de socialização da saúde nos EUA. A ironia apresentada por Moore é que Hilary também recebeu generosas contribuições da indústria de fármacos para sua eleição para o senado... justamente quando ela já não mais os atacava.
Enquanto os lobbies operavam no Congresso, uma espécie de procedimento padrão fundou-se nas empresas seguradoras. Quanto mais operações negassem, mais vantagens em bônus e outros benefícios, seus funcionários teriam. Com isso Moore recolhe depoimentos das vítimas desse processo, exatamente dos ex-bombeiros, pessoas com câncer, doentes terminais e viúvas deste perverso processo onde todo mundo que trabalha do lado do mal se acha inocente, obviamente. Aliás o ponto alto do doc é o depoimento de uma operadora de telemarketing de uma dessas Aetnas da vida que simplesmente surta na frente das câmeras. Pede a todos que não contem seus dramas para ela, que a deixem trabalhar em paz, negando seus pedidos de operação, de retiradas de cancros, fistulas ou seja lá o que for... para que ela possa ter uma vida normal como todas as outras pessoas. Realmente uma personagem que nem Nelson Rodrigues nunca jamais poderia ter pensado.
Outra parte impagável, e de gosto certamente duvidoso, é a hora em que ele enche três barcos de doentes e ruma em direção a Guantânamo exigindo das autoridades militares locais o mesmo tratamento que os militares dão aos suspeitos de terrorismo, sugerindo que os homens da aukaêda dispõem de melhor atendimento médico que cidadãos americanos - mas não comece a tacar pedra não, pois já ouvi um monte de gente no Brasil dizendo que preso, bandidos e afins tem vida melhor que os libertos...
Não gosto de duas coisas em Moore. Por um lado, sua capacidade de manipular informações, introduzindo depoimentos emocionais, personificando de maneira pontual heróis e vilões; e por outro lado, sua espécie de didática narrativa, com perguntas estúpidas que fazem o espectador refletir calhordamente e indignar-se indutivamente. Também não gosto de sua auto-indulgência e compassividade ao fazer questão de mostrar que está sendo atacado todo o instante por dizer a verdade. Mas no fim do filme os americanos aplaudiram...sinal que gostaram.Para dizer a verdade, esse talvez seja o menos ambicioso dos documetários dele, e talvez o que vá fazer mais barulho nos próximos debates presidenciais.
Poesia do dia:
Adelante a toda despedida, Arturo Tendero
La noche es el soporte
de la derrota. Por la mañana oiremos
latir de nuevo el corazón
y nos abrazaremos a la duda
Norte-americanos têm menos amigos
26/06/2006 Agência FAPESP -



Os norte-americanos têm cada vez menos amigos e estão cada vez mais isolados. Segundo um estudo feito por sociólogos das universidades do Arizona e Duke, nos Estados Unidos, o círculo de confidentes encolheu dramaticamente nas duas últimas décadas e o número de pessoas que afirmam não ter com quem discutir assuntos importantes mais do que dobrou no mesmo período.
“As evidências também indicam que, hoje, tais laços são mais familiares do que costumavam ser”, disse Lynn Smith-Lovin, da Universidade de Duke e uma das autoras do estudo publicado na edição de junho da American Sociological Review, periódico oficial da Associação Sociológica Norte-Americana.
“Essas mudanças indicam algo que não é bom para nossa sociedade. Laços com uma rede próxima de pessoas criam uma zona de segurança e levam ao engajamento civil e à ação política localizada”, disse a pesquisadora.
O estudo marca o primeiro levantamento representativo sobre o assunto feito no país em duas décadas. A pesquisa comparou dados de 1985 a 2004 e verificou que o número médio de pessoas com quem os norte-americanos discutem assuntos importantes caiu quase um terço no período, de 2,94 pessoas para 2,08. Em 2004, quase um em cada quatro entrevistados disse não ter confidentes.
Tanto os confidentes familiares quanto os não familiares caíram, mas a maior queda ficou com esse segundo círculo. De acordo com os pesquisadores, as relações sociais dos norte-americanos representam “um conjunto de laços densamente conectados, fechados e homogêneos, fechando-se lentamente em si mesmo, tornando-se cada vez menor e mais focado nos fortes laços da família nuclear”.
Os autores do estudo especulam que mudanças nas comunidades e nas famílias, como o aumento do número de horas trabalhadas e a influência cada vez maior da internet, podem estar contribuindo para o cenário constatado.
As diminuições nos círculos de confidentes foram consideradas surpreendentes pelos pesquisadores, que pretendem fazer novas análises sobre o assunto.

Procurando o bem dos nossos semelhantes, encontramos o nosso

Saramago, ao reinventar a Caverna de Platão ambientou-a numa especie de shopping center. Se é certo que a sentença do filósofo, interpretada pelo comunista comedor de crianças, nos condena a viver banhados de luz e imersos em sombras, poderiamos concluir que nessa sociedade de consumo não há espaco para solidariedade. Mas não é bem assim.

A generosidade não tem limites aqui. Esse rato foi resgatado pelos bombeiros em Pocatello, Idaho. Foi encontrado por um bombeiro numa casa em chamas onde haviam também cinco gatos. Deu no El Pais.
Algumas imagens valem mais que mil palavras...


Nota: a frase acima é de Platão.
Nota1: A musica do dia, Foreign Affairs, eh do Tom Waits.
when travelling abroad in the continental style
it's my belief one must attempt to be discreet
and subsequently bear in mind your transient position
allows you a perspective that's unique
though you'll find your itinerary's a blessing and a curse

Gibbon ri.

A vida aqui eh insuperavel. Nesta semana terminam duas das mais eletrizantes series da FOX. 24 e American Idol.

24 eh uma serie onde o protagonista, Jack Bauer, eh um heroi do estilo durao que trabalha para um treco chamado CTU - que ateh agora eu nao sei o que eh. Ele eh um desses caras que dao tiro a torto e a direito, de graca, torturam e matam sem piedade, com o objetivo unico de salvar a America de um grupo de terroristas - que geralmente podem ser russos comunistas comedores de criancas, chechenos independentistas, arabes barbeados ou chineses maoista-confucionistas. So para resumir o cara, luta, da pernada, da tiro com precisao, fala russo, aguenta as mais terriveis torturas de inimigos implacaveis pra caramba, e ainda por cima sai andando, com leves dores, como se apenas topasse na cadeira da sala. E isso tudo em 24 horas, sem nenhuma substancia alcaloide, que eh o tempo que ele tem para ser convencido pelo presidente que soh ele pode fazer o servico, recuperar a bomba atomica, salvar um parente, matar os terroristas, e no final beijar a moca e respirar aliviado de mais um dia de trabalho cumprido.

O American Idol eh um programa mais hardcore. Este eh um programa do tipo Miss Universo versao americana, so que os concorrentes em vez de mostrar seus atributos digamos fisicos, exibem suas vozes esganicadas, seu talento para diversos generos musicais e suas personalidades unicas - aquela que fara deles mais um idolo americano. Neste ano foram para a final um tal de Blake e uma tal de Jordan. Um deles sera o proximo idolo da America. Nesse ano teve ateh um Indu-descendente - o politicamente correto para os descendendes de indianos na America - que cantava mal, era feio, pintava o cabelo, tinha as olheiras e a magreza de onanista, mas fazia um sucesso danado com as adolescentes. Resumindo, o programa, que ja deve ter com certeza versao brasileira, eh constrangedor. Alias, tudo eh contrangedor. Desde os aspirantes a cantores com suas vozes agudas como o granir de javalis capados, ateh a presenca de Paula Abdul - lembra disso? Entao tenta esquecer - e a de um cara chamado Simon Cowell que eh uma versao mal acabada, do Carlos Imperial no Cassino do Chacrinha - e que por acaso foi um dos criadores dos Teletubes.

Enfim, se voces me permitem, eu prefiro nao falar mais nisso. Eh duro e constrangedor pra mim. Por que no fundo eu sinto vergonha. Vergonha pela versao vitrola-digital do Blake; pelo mau gosto dos trajes e o choro da Jordan ao abracar os perdedores; pelas plasticas mal acabadas da Paula Abdul e sua imagem meio drogada e decadente; pela violencia sociopata do Jack Bauer que so ele acha valida, enfim pelas minha noites de segundas-feiras que bem podiam ser perdidas na frente do Sundance Channel ou do TCM.

Gibbon devia estar certo, e agora ri....

A gente não quer só comida...


O seleto mundo cultural brasileiro da capital americana está em polvorosa. Notícias quentes chegam dando conta de que O BACI - Brazilian American Cultural Institute - terá que se gerir com recursos próprios a partir de agora. Para isso, o Ministério das Relações Exteriores, que já havia cortado o passaporte vermelho da Instituição, mandou cortar também o salário do diretor - que realmente corre na boca pequena ser um mistério mais bem guardado que o do 'earthly triangle' da capital.

Há quem duvide, com toda a razão, que o centro se sustentaría apenas com os recursos provenientes das aulas de português e das exibições de filmes. Quem aposta nessa dúvida cegamente estaria correto, pois não é preciso ser um gênio para perceber que aqui nos EUA o Brasil ainda é percebido por muitos, ‘culturalmente’ falando, como a terra do samba, do axé, das mulatas, das araras multicoloridas, do Pelé e das melodias horrendas de Sérgio Mendes – e agora do álcool para fazer combustível. Mas para aqueles que pensam que vão ficar sem ‘cultura’ é importante lembrar que o centro promove uma média de 15 concertos e 10 exposições de arte por ano.

O desconhecimento desse detalhe imperceptivelmente sutil, acessível a poucos, nos faria a todos lastimar o iminente definhamento do centro. Entretanto, O BACI é um dos centros mais importantes de irradiação de artistas brasileiros no Norteast americano. Fez e faz parte da agenda de um circuito de artistas brasileiros de relativa expressividade - alguns de gosto duvidoso, é verdade; outros de nem tanta expressividade, também verdade – que exibem seus trabalhos por lá. Mas por lá já passaram, por exemplo, artistas de calibre variável tais como Claudia Stern, Christina Oiticica, Ubirajara Ribeiro e Burle Marx, só para citar alguns dos nomes.

E a atitude do MRE nos faz refletir...mirou no certo e acertou no duvidoso... ( sem trocadilho)

Não é preciso ser um profundo conhecedor do universo fechadíssimo que é o mercado de arte para saber o que marchands, artistas e courtiers estão carecas de saber: da simbiose e tensão entre Arte e Mercado é que se gera dinâmica do mercado artístico, ou seja, fazer negócios e especular com a obra de arte é arte mais antiga que a usura. Artistas iniciantes também sabem disso – reclamam reclamam, mas sabem que se não transformarem sua arte em fetiche de mercadoria, não sobrevivem. E o BACI, ao que me conste provavelmente não foge a esta lógica. Lógica simples. Para serem vistos os artistas enviam trabalhos em consignação para as exposições, evidentemente almejando serem vendidos. É da lógica não-declarada do jogo também, por que não, doarem uma ou duas obras para o Instituto. Numa atitude muito comum no mundo artístico, regido pela confiança e pelo segredo, qual o artista iniciante que não doou, ou vendeu a preço módico, um quadro para uma instituição ou figurão responsável pela tal no iminente afã de ganhar notoriedade e valorizar suas obras? Eu arriscaria dizer que boa parte do acervo brasileiro da Casa das Américas e de muitos outros acervos locais incluindo o BACI foi formada dentro dessa lógica: promessa de valor artístico e aposta na liquidez quase certa.

Portanto, a iniciativa do MRE pode salvar os canapés da intelligentsia e da rapazeada 'cabeça' que mostra seu valor nessas bandas! Ou azedar e aguar de vez o patê de fois gras e a sacrossanta Dom Perignon da galera. Vamos esperar....