Ano Grotowski



O último número da American Theatre Magazine traz uma reportagem especial sobre um dos diretores de teatro mais importantes e erráticos da segunda metade do século XX: o polonês Jerzy Grotowski. Mais conhecido como o inventor do Teatro Pobre, Grotowski, defendia uma forma de interepretação baseado no trabalho psiquico do ator, mais ou menos como Stanislavski postulara em seu livro A Construção da Personagem. Há certo exagero em afirmar que Grotowski privilegiava a expressão corporal sobre a palavra, o cenário, o figurino, visando o diálogo direto com o público. Há muito exagero, alimentado diretamente pelo próprio diretor que tornava seus retiros com os atores, exercícios quase tção dolorosos quanto os que Artaud proporcionava.

A UNESCO definiu 2009 como o Ano Grotowski. E eu modestamente muito recomendo o documentário With Jerzy Grotowski, Nienadowka 1980 e as partes de Devising Teatre: A Practical and Theoretical Handbook de Alison Oddley, sobre o diretor.

Música do Dia. Yo-yo Ma. Obrigado Brazil. Bodas de Prata & Quatro Cantos ( Gismonti)

Incêndio destrói obras do artista plástico Hélio Oiticica

O Globo. Dias atrás.

RIO - Um incêndio na casa da família do artista plástico, pintor e escultor Hélio Oiticica no final da noite desta sexta-feira, no Jardim Botânico, Zona Sul, destruiu 90% do acervo das obras de arte do artista, um dos fundadores do movimento neoconcretista. Segundo o arquiteto César Oiticica, 70 anos, irmão de Hélio, cerca de duas mil peças do artista, morto na década de 1980, foram queimadas, num prejuízo estimado em US$ 200 milhões. De acordo com a família, a coleção não tinha seguro. Ninguém ficou ferido e as causas do incêndio ainda são desconhecidas.
- Não tinha seguro, nem a casa nem a obra do Hélio. Fizemos um estudo, mas o valor era muito alto, não lembro mais qual era a cifra. O valor era tão alto que ficou inviável. Poderíamos fazer seguro contra incêndio que cobrisse só a casa, e não o acervo, mas acabamos não fazendo isso, decidimos arcar com os riscos - disse César.
De acordo com o arquiteto, o fogo começou por volta das 22h. Ele contou que jantava com a mulher e um grupo de amigos quando sentiu forte cheiro de queimado. Bombeiros do quartel do Humaitá foram chamados para apagar as chamas. Abalado, César disse que 90% do acervo do irmão - avaliado em 200 milhões de dólares - foi destruído pelo fogo.
- Qual a justificativa que vamos encontrar para uma tragédia como essa? - lamentou o arquiteto. - Foi a maior tragédia que poderia acontecer para a cultura brasileira. Sem dúvida alguma, a única vítima dessa tragédia foi a cultura brasileira.
O arquiteto, no entanto, descartou a hipótese de um incêndio criminoso. Segundo César Oiticica, no ateliê havia controle de umidade e temperatura para manutenção das obras, além de alarmes de presença e anti-incêndios. O tenente do Corpo de Bombeiros Yuri Manso informou que as chamas consumiram as obras com rapidez. Ainda de acordo com o oficial, só após laudo técnico é que será possível descobrir as causas do incêndio.
Segundo César Oiticica, entre as obras destruídas pelas chamas estavam quadros, documentários e livros. Obras consagradas como Bólides e os Parangolés - a primeira manifestação ambiental coletiva, envolvendo capas, barracas, estandartes e passistas da Mangueira, na mostra Opinião 65 - também foram destruídas. Só se salvaram os trabalhos que estavam armazenados em CDs e no computador da casa. Todo o acervo fotográfico do pai do artista, o renomado José Oiticica Filho, também teria se perdido no incêndio.
Considerado um dos mais revolucionários artistas de seu tempo, Hélio Oiticica nasceu no Rio de Janeiro, em julho de 1937. Ele morreu em março de 1980, após sofrer um AVC. Ao lado de nomes como Lígia Clark, Amílcar de Castro e Ferreira Gullar, Hélio participou do movimento neoconcretista e teve obras expostas em âmbito internacional.
Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os parangolés (espécie de capas coloridas, arte para ser vestida) e penetráveis (instalações). É autor da conhecida frase "Seja marginal, seja herói", que escreveu em uma bandeira sobre a foto de um traficante morto publicada em um jornal carioca em 1968, durante a ditadura, e foi um dos grandes inspiradores do movimento tropicalista com sua obra "Tropicália".
O artista viveu de 1970 a 1978, Oiticica viveu em Nova York, onde participou da mostra Information, realizada pelo MoMA (Museu de Arte Moderna).
Em 1981, um ano após a sua morte - em 22 de março de 1980 -, foi criado no Rio de Janeiro o Projeto Hélio Oiticica, para preservar a obra do artista. A Secretaria municipal de Cultura do Rio criou o Centro de Artes Hélio Oiticica em 1996.
Para o diretor da Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, Jones Bergamin, o maior legado de Oiticica eram seus projetos e anotações.
- O problema é que as obras dele existem espalhadas em coleções particulares e museus mundo afora, mas seus projetos estavam todos aqui. O valor artístico é muito maior que o financeiro. É uma perda incalculável - disse Bergamin em entrevista à Globonews.



Nota 1. Hélio Oiticica, Tom Zé e Torquato Neto foram os maiores artistas brasileiros do Torpicalismo. Para se ter uma idéia de como a Tropa de Elite Baiana tratava-os, vale sempre a pena conferir o "Os Ultimos dias de Paupéria" de Torquato Neto, e mais recentemente o epistolário entre Oiticica e Torquato - mostrando a fraternal amizade entre os dois - reunido num grande livro organizado pelo Paulo Roberto Pires chamado "Torquália { do lado de dentro }"
Nota 2. Metaesquema n. 348. 1958. MoMA Collection.

Nota 3. O que um acervo dessa magnitude estava fazendo na casa da família e não no Centro Oiticica, ou no Museu de Arte Moderna ou em qualquer outro museu? E por que não tinha seguro? E agora que estão reduzidas em 90% quanto não valerão as obras restantes? Golpe de mestre das moiras, que certamente irá beneficiar alguém...

Orfãos do Eldorado


Ainda que Borges fizesse seguidas alusões ao Inferno de Dante, sempre relutou em admitir o uso direto de seus termos em El Aleph. A novela Órfãos do Eldorado segue em vias trasnversas pelo mesmo caminho numa telúrica viagem pelo ambiente cultural e mítico das amazônias. Não diria que se trate de um romance regionalista, pois tenho muitos problemas com este rótulo que me causa urticária e má digestão. E imagino que Milton Hatoum, secretamente, vivendo hoje em São Paulo, trama em seus livros contra esta, diríamos, lenda criada pelos mudernos para devastar toda a forma literária que não fosse mudernista. Hatoum simplesmente manda o Muiraquitã para as cucuias e reescreve numa prosa límpida sem a perda poética, uma estória dos anos de entre Guerras, quando o ciclo da borracha, dos barões do látex e até mesmo das invecionices de Henry Ford com sua Fordlândia eram apenas meros espectros da opulência passada.

Bem, para início de conversa é uma novela que de forma alguma supera a Dois Irmãos – para mim, seu clássico. Entretanto, é uma grande novela pela elegância com que Hatoum apresenta a fracassada saga de Arminto Cordovil, durante a fase de decadência econômica do chamado ciclo da borracha. Arminto é um desses herdeiros dos anos de fausto, é um jovem manauense, que carrega o Cordovil no sobrenome, ou seja, vem de uma linhagem de empreendedores da selva que a ferro e fogo desvendaram - ou pensaram ter desvendado - os segredos do “Eldorado.” Com a morte do pai, torna-se um jovem rico, "órfão" e herdeiro não apenas de uma tradição que começa com o avô Edílio, passando pela sombra sempre pesente do pai Amando, mas também de uma próspera empresa de navegação que leva as bolas de latex do interior da floresta à embocadura do rio Amazonas.
[...]
Eu não tinha a obstinação do meu pai. Nem a esperteza. Amando Cordovil seria capaz de devorar o mundo. Era um destemido: homem que ria da morte. E olha só: a fortuna cai nas tuas mãos, e uma ventania varre tudo. Joguei fora a fortuna com a voracidade de um prazer cego. Quis apagar o passado, a fama do meu avô Edílio. Não conheci esse Cordovil. Diziam que ele ignorava o cansaço e a preguiça, e trabalhava que nem um cavalo no calor úmido desta terra. Em 1840, no fim da guerra dos Cabanos, plantou cacau na fazenda Boa Vida, a propriedade na margem direita do Uaicurapá, a poucas horas de lancha daqui. Mas morreu antes de realizar um sonho antigo: a construção do palácio branco nesta cidade. Amando inaugurou a casa quando casou com minha mãe. E passou a sonhar com rotas ambiciosas para os seus cargueiros. Um dia vou concorrer com a Booth Line e o Lloyd Brasileiro, dizia meu pai. Vou transportar borracha e castanha para o Havre, Liverpool e Nova York. Foi mais um brasileiro que morreu com a expectativa de grandeza. No fim, eu soube de outras coisas, mas não adianta antecipar. Conto o que a memória alcança, com paciência.
[...]

Homem sem disposição empresarial, que por ingenuidade ou irresponsabilidade, perde pouco a pouco o império deixado pelo pai, evidenciando seu descaso para com o espólio - para desespero de Estiliano, uma espécie de avatar, um homem de muitos silêncios e procurador dos Cordovil -, o Arminto que conta a estória é evidentemente um homem velho que olha para sua vida com o ceticismo dos que pouco se importam com o porvir. Em sua tentativa de narrar a própria vida, conclui pouco a pouco que teve uma mãe morta precocemente e da qual somente restara um rosto em preto e branco numa fotografia rasgada, um pai que até o momento de sua morte no meio da praça da Vila Velha não passara de um mero desconhecido, e uma paixão que por algum motivo misterioso ou velado tornara-se irrealizável. Esta paixão tem um nome Dinaura. Uma das órfãs das carmelitas em Vila Bela, que lê romances e enfeitiça Arminto para o resto da vida levando-o à degradação. Ou seja, é como se a fiação das moiras o imolassem numa tapeçaria de detalhes inverossímeis cercados por lendas e mitos encalacrados na oralidade da floresta e traduzidos por Florita – sua iniciadora sexual e oráculo tradutor entre o mundo mítico inacessível e o desamparo da realidade crua.

Os motivos de sua decadência moral e até mesmo física, estão conectados. Com a mesma intensidade que a paixão e a busca obsessiva por Dinaura (uma orfã por quem se apaixona após, esta, digamos assim em linguagem figurada, dar-lhe sua muiraquitã no meio de uma moita) o persegue, afugenta-se com todas as forças da sombra dominadora de um patriarca quase que onipresente, mesmo depois de morto. Pensando bem, ambos, metáforas do Eldorado. E o Eldorado de Arminto é uma espécie de meio caminho entre a lenda e a realidade onde as artimanhas de sua memória tentam dar forma à espécie de limbo danteano (ou dantesco?) onde estão os carentes de batismo. Onde está a suspeita de um incesto. Onde não está a razão. Onde, suposta e ironicamente, encontra Dinaura. Onde o Eldorado permanece velado....

[…]
Na porta vi o rosto de uma moça e fui sozinho ao encontro dela . Escondeu o corpo, e eu perguntei se morava ali.
Moro com minha mãe, disse ela esticando o beiço para o outro lado do lago.
Onde estão os outros?
Morreram e foram embora.
Morreram e foram embora?
Ela confirmou. E reapareceu aos poucos até mostrar o corpo inteiro, retraído pela timidez e desconfiança.
Trabalhava nesta casa?
Passo o dia aqui.
Conhecia uma mulher… Dinaura?
Recuou um pouco, juntou as mãos, como se rezasse, e virou a cabeça para o interior da casa.
A sala era pequena, com poucos objetos. Uma mesinha. Dois tamboretes, uma estante baixa, cheia de livros. Duas janelas abertas para o lago do Eldorado. Parei perto do corredor estreito. Antes de eu entrar no quarto. O prático e a moça me olhavam, sem entender o que estava acontecendo, o que ia acontecer.

[...]

Dinaura? Outra? Um espectro? Mais uma das alucinações da selva? O desgramado do Hatoum não revela(!) tornando as suspeitas do final deste livro tão eletrizantes quanto as incógnitas que pairam na cabeça do narrador de Dois Irmãos... sua incerta descendência... Yaqub ou Omar? Ou seja, o Aleph de Hatoum continua velado. E isso é ótimo!


Nota. A propósito, caro senhor Milton Hatoum, venho por meio desta nota aconselhar-lhe que vá escrever bem assim lá no raio do Japú que o parta!

389 Miles


389 milhas são 626.034816 quilômetros. Isso foi o que percorreu o rapaz Luis Carlos Davis para realizar um documentário chamado 389 Miles: “Living the Border, que assisti ontem.

O jovem diretor, Luis Carlos, nasceu na fronteira dos Estados Unidos com o México, em Ambos Nogales e conhecendo essas duas realidades compôs seu primeiro documentário com o que há de mais característico das duas culturas, por um lado o fascínio que o americano tem pelas road trips e, por outro, o drama de milhões de imigrantes ilegais que atravessam a fronteira americana com o México ao longo de suas 389 milhas.

O documentário não é uma obra prima mas é interessante como forma de exibir as imagens e as estórias das jornadas de milhares de seres humanos que cruzam a fronteira do México com os Estados Unidos. Imagens que muitas vezes apenas lemos nos jornais. Figuras, tais como coiotes, polleros, contrabandistas, que conhecemos pelos seus substantivos e nada mais. Estórias de sobrevivência, de tráfico humano, de estupro e corrupção em ambos lados da fronteira.

A milha um da viagem começa em Douglas no Arizona, onde um agente de la Migra, Patrulha Fronteiriça, apreende dois imigrantes ilegais, um do México e outro da Costa Rica. Este vê uma mulher andando por perto e de forma espontânea e sarcasticamente avisa ao agente e sugere a ele "fazê-la", ou seja, estuprá-la. Um dos pontos altos do doc é a entrevista com um coiote, um indivíduo que atravessa a gente, suborna a polícia e trata de toda a precária infra-estrutura para o cruzamento da fronteira. Um desses homens pode fazer de 200.000 a meio milhão de dólares ao ano – um salário que nem CEO de muita companhia consegue fazer.

389 Milhas: "Living the Border" é uma jornada humana, uma história documentada pelo diretor Luis Carlos Freitas, que cresceu à sombra da fronteira entre o México e Arizona. Ela apresenta a vida, a cru diários de seres humanos comprometidos economicamente, e as potenciais recompensas para aqueles que os exploram. Não existe um lado puramente bom ou ruim, só a parede de aço ou um fio de arame farpado enferrujado e complexa teia de emoções humanas e as questões por eles forjaram a sobrevivência, o tráfico humano, o estupro, a corrupção, o mal ea graça em muitos disfarces. O uso de uma câmera discreta permite que as personagens a falar, simplesmente, honestamente e com dignidade, não importa qual a sua posição sobre a imigração poderia ser. Juntos, eles formam um complexo mosaico humano que vai além do actual debate sobre imigração para explorar as relações humanas forjadas pela fronteira, de um sentimento de um bairro comum em toda a vedação, aos residentes fronteiriços, para vigilante patrulhamento policial ao longo da fronteira, em uma tentativa para selá-lo, os ativistas de ambos os lados da fronteira que estão tentando ajudar os imigrantes em situação irregular em sua jornada dura, traiçoeira e imprevisível. Às vezes a fronteira é pouco visível, apenas uma cerca de arame farpado. Às vezes, é uma parede de aço formidável.

A milha 389 termina em San Luis, Sonora, México em um acampamento de migrantes em um local remoto do deserto onde estão instaladas centenas de maquiladoras, um lugar remoto e de passagem, onde as pessoas esperam para atravessar a fronteira. O documetário é bem preciso em não acompanhar nenhuma história pessoal em particular - me parece que este foi um dos cuidados tomados pelo rapaz - , e consistente em concentrar-se na fronteira em si, nessa marca muitas vezes invisível que desliza no chão e atravessa várias histórias que a costuram em idas esperançosas e retornos deportados, a linha divisória que mostra um mundo pequeno em todos os sentidos.

Uóli



Por força das circunstâncias tenho assistido muitos filmes infantis. È preciso dizer que, gosto de crianças, tolero animais domésticos e urbanos, e não gosto de filmes infantis. Entretanto, WALL.E é um filme direfente. Um filme que me cativou, não por sua sentimentalidade exagerada, mas por sua mensagem subliminar.

Wall.E é um Waste Allocation Load Lifter - Earth Class. Pra resumir, é um sucateiro nos moldes dos antigos burros-sem-rabo que viamos pela cidade puxando uma carroça cheio de entulhos. Wall.E é um robô que compacta lixo, pois a Terra se tornara inabitável a existência humana. Os humanos, que nela habitavam, foram enviados a uma espécie de cruzeiro de luxo interespacial, Axiom, onde a combinação de baixa gravidade e ociosidade transformou seus permanenentes passagerios em paródias preguiçosas deles mesmos em sua obesidade constrangedora. Vários Wall.Es faziam o serviço de coleta e compactação do lixo deixado para trás pelos antigos habitants da terra. O problema é que sem manutenção, sem um óleo aqui, uma correia dentada alí, uma chaveta mal instalada acolá, ou um ajuste na correia dentada, os próprios robôs foram virando sucata, e restou apenas o nosso Wall.E para fazer todo o serviço.

Para começar, Wall.E não se trata de um boneco nos moldes de Pinocchio, em sua ânsia em adquirir forma humana. Wall.E é um robô e ponto. Como robô, não percebe que é solitário. No entanto, seu senso de solidão é um tanto estranho pois sem perceber-se só, já que é um robô, possui um estranho sentido de ausência e passa a colecionar compulsivamente objetos dessa antiga civilização, como lâmpadas, telas de computador, correias, video-cassetes, fitas K7, enfim tudo que encontra pela frente em sua forma petrificada. Não se dá conta de seu fetichismo, na medida em que os artifatos humanos, mais que o valor utilitário de seu uso, revelam um senso de conexão com o passado.

Essa solidão de Wall.E é algo sintomático. Wall.E não fala – a propósito nos primeiros 45 minutos de filme não há sequer um diálogo. Como nos melhores filmes de Lon Chaney, mesmo não tendo a capacidade de diálogo, Wall.E tem uma face expressiva dominada por dois bióculos que tem a capacidade de expressar espanto, alegria, desconfiança e tristeza. Como diria Hannah Arendt, citando Platão, os olhos como janelas da alma.

Mas esse seu isolamento muda quando chega à Terra EVE - Extreterretrial Vegetation Evaluator. Eve chega e transforma a realidade de Wall.E e vice-versa. Ela é só bussiness. Chega para coletar alguma espécie de vida vegetal e reportar a Axiom. Quando encontra Wall.E sua vida também muda pois ele mostra-lhe um outro mundo possível. Um mundo meio remendado, meio aos trancos e barrancos, sequioso de mudanças, mas que funciona e acima de tudo delineia as feições e as cores distintas, mais imprecisas, mais poluídas, da alteridade.