The Virgin Suicides

Desse camaradas novos, tais como Michel Chabon, Jeffrey Eugenides e Nathan Englander da nova narrativa americana, fico com o Eugenides e com o Englander. Chabon é uma das coisas mais chatas que ja li. O seu Wonder Boys é chato: aborrecidíssimo. É um dos pouquíssimos livros que largo pela metade sem arrependimento. Seus personagens são figuras chapadas, sem profundidade.

Bom, mas acabei assistindo com algum atraso o The Virgin Suicides com o James Woods e Kathleen Turner.... A Sofia Coppola é uma diretora de filmes irregulares e de escolhas históricas de tradição duvidosas, com a de fazer um filme sobre a Maria Antonieta pela ótica do mundo fashion e pueril. Neste The Virgin Suicides, por exemplo, ela transformou a ironia fina e o humor negro contidos no livro homônimo do Eugenides numa estória com cortes meio sem pé nem cabeça mas que vai sendo tocada com destreza. A estória gira em torno das filhas dos Lisbon – um casal católico que zela com a mão-de-ferro estóica pelo hímen de suas crias. Jurei para mim mesmo que não molestaria os valores puritanos (risos) fazendo comentários sujos sobre a beleza das ninfetas, e menos ainda da Kristen Dunst, mas um pai com filhas daquele calibre deve ser, tem que ser, tem que aceitar infelicidade como destino de maneira lacônica (gargalhadas). Pois afinal de contas, um homem tem as filhas mais desejadas pela molecadada onanista da vizinhança, deve sofrer inflexivelmente calado. Na minha opinião só dois atores poderiam encarnar esse papel trágico de maneira cômica: o James Wood e o Steve Buscemi. Deu Wood.

O filme se passa num subúrbio de Detroit nos anos 70. Cecilia, a filha mais nova, tenta o suicídio cortando os pulsos. Sua incompetência acaba transformando a famíla que tenta ser mais aberta. Após a primeira tentativa frustrada, seus pais tentam integrá-las à comunidade fazendo festas em seu basement, regadas a ponche de frutas, músicas chatas e vigilância constante. Porém, Cecilia consegue realizar seu desejo de suicídio com sucesso, se atirando na grade debaixo da janela do quarto, durante uma festa que acontecia no porão. A partir daí o filme vira uma crônica sociológica sobre o suicídio feita pela ótica durkheimninana de uns meninos patetas que circundam a vizinhança da casa dos Lisbon.

Mais adiante, Lux, a mais velha das filhas, se envolve com Trip Fontaine, durante o baile da primavera, perde a virgindade e é abandonada após a festa, no meio do campo de futebol. Ao chegar a casa a repressão dos Lisbon se intensifica. Nesse meio tempo em que, isoladas, sem poder sair, são observadas pelos inocentes garotos do bairro, que se comunicam com elas através de códigos morse de persianas e músicas tocadas pelo telefone, elas decidem se suicidar, cada uma à seu modo. Nesse momento, acabou a história e morreu a vitória.