A solidão de Stockmann




...apagar o passado recente que nos interpela com seu rol de vigarices e preconceitos, é apagar uma série de eventos e fatos inequívocos que tramaram contra a Democracia desde o dia 2 de dezembro de 2015... por isso eu me pergunto:  por que tanta inquietação contra o Presidente Jair Messias Bolsonaro? Por que só agora? Estranho, não... 

...apagar este passado é insistir, como disse Freud, em que todo o esquecimento é intencional... é apagar a intolerância contra a amplidão dos Direitos Humanos... é apagar o conceito Ditadura, da nossa Ditadura, pelas mesmas razões... é apagar convenientemente o conceito de corrupção das chamadas rachadinhas... é não permitir que um Ministro da Justiça nos contamine com seu insistente falso moralismo... e, por falar em moralismo, é conveniente não esquecer de nosso lixo imoral e da impunidade pelo derramamento de óleo na costa, pela diplomacia entreguista, pelos incêndios na terra dos Amazonidas, pelos 35 milhões de analfabetos funcionais, pelas infecções e mortes decorrentes das epidemias de Chikungunya e dengue, pela morte de Marielle Franco, pelas mortes de líderes camponeses e indígenas, pela retórica vazia de Mandetta e Teich, lobistas do mercado da morte na Saúde Pública, pelos 15% de desemprego,  pelas mortes acumuladas decorrentes de assaltos e balas perdidas, pelos massacres em rebeliões de cadeias, pela criminalização do aborto, pelo desmonte sistemático do SUS e a privatização da saúde, pelos 15 milhões de analfabetos, pela soma de todos os bens produzidos não passar de pífio PIB de 1.9%, pelas milícias policiais e digitais, coordenadas pelo gabinete do ódio, que desestabilizam até as forças armadas, pelo messianismo político, pelo dólar a R$ 5,00, pela reforma da previdência, por vermes como Guedes, Damares, Sales e Weintraub, pela crise sanitária, por 48 milhões de cidadão sem esgoto e água tratada, pelo golpismo escrachado no impeachment de Dilma - que alguns chamaram pedagógico -, e last but no least, pela dispensa criminal de isolamento na pandemia de SARS-CoV-2...

...etc. etc. etc...

.. a lista de tudo que já se sabia há tempos, não tem fim...

Elogio da morte





A Morte do Rubem Fonseca, me fez lembrar de Lima Barreto. Não sei bem por que, não me perguntem, tampouco estou com paciência para análises das associações livres de minhas idéias e devaneios. Freud diz que, na prática da análise, na associação livre de idéias do paciente é impossível não dizer a verdade, inclusive quando nos equivocamos ou tentamos mentir deliberadamente. Isso é coisa que gente muita versada no austríaco, descolada e inteligente, chama de recalque do reprimido. 


Em outras palavras, algumas verdades podem ser ditas, assim meio sem querer, principalmente numa semana em que partem para o outro lado do espelho Garcia Roza, Rubem Fonseca, Moraes Moreira, e que Aldir Blanc anda balançando numa corda bamba. A propósito, para um cara raso como eu, o recalque psiquico, essa coisa de expulsar da consciência o que parece intoleravel,  pode bem estar é no valete, no meio das cartas, no jogo de búzios, no risco da pemba, no giro da pomba, no som do atabaque… vai por mim, tá la.


Nota: Se eu pudesse ser um ASPONE[ Assessor de Porra nenhuma] de Deus, eu sugeriria ao Senhor que levasse logo esse tal de Olavo de Carvalho. Vai Oxalá… dá uma força ai… o cara é fumante, só fala merda, e é um cara do mal… vai por mim... o senhor sabe disso…


Mas voltando ao tema, não me parece crível, que nos Compêndios de Literatura Brasileira, coloquem na mesma cumbuca do chamado pré-modernismo Euclides da Cunha que cometeu aquele intragável capítulo A Terra no grandíssimo Os Sertões; Monteiro Lobato, uma espécie de matuto ilustrado com vocação para o lucro e sempre mais político, sempre mais empresário, que escritor;  Augusto dos Anjos, que só por Eu, já o tiraria desse grupo nefasto;  e por fim a tríade Graça Aranha, Raul de Leôni e Simões Lopes Neto  -  que sinceramente nunca li e nunca os lerei por algo que me parece preconceituoso em mim: eu achava que Canaã, seria um livro chato, antes de começar a folheá-lo. Depois tive a certeza de que meu preconceito passou a ser um conceito. Canaã é realmente um treco chato pra cacete! 


Portanto, me fazer tentar crer que Graça Aranha e Simões Lopes Neto possam estar ao lado de Lima Barreto… sinceramente… No cú pardal! Mas nem fodento!


A distância entre o intelectual e a realidade, na escrita do Lima Barreto, assim como na de Rubem Fonseca, está muito acima destes camaradas. Ela é dada por uma espécie de descrença metódica alimentada pelos indicadores da rua. A desconfiança da ação de um cara que transita pelas ruas, como um estranho, trespassado de dúvidas, constatando mazelas, sendo discriminado pelo mercado editorial, no caso de Lima e pela Academia, no caso de Rubem, mostram bem a que vieram os dois no panorama da literatura brasileira: são inclassificáveis pontos fora da curva. 


Dentre as muitas crônicas de Lima Barreto, uma das, talvez não a mais impactante mas muito gráfica, que li há uns 27 anos, seja a Elogio da Morte. Essa crônica é de setembro ou outubro de 1918 (não lembro), portanto 10 anos após a morte de Machado de Assis – e talvez por isso o fechamento dela tal como se dá. Neste mesmo ano, um Lima Barreto de 37 anos, alcoólatra, já com algumas internações, começa uma série de correspondências com o contemporâneo “novo rico”  Monteiro Lobato, que acabara de comprar a Revista do Brasil e que com tremendo faro empresarial se interessava pelo Vida e Morte de M.J.Gonzaga de Sá. Lobato prometera que publicaria mais coisas de Lima. Mentiu safadamente. Lima, iludido, se entusiasmara com a ideia e passou a escrever-lhe com frequência. Fazendo inclusive resenhas de escritores iniciantes, promovendo a editora do H. G Wells de Taubaté. Com o tempo, após a primeira publicação, e uma premiação pela Academia Brasileira de Letras, na qual Lima foi barrado anos antes, Lobato passou a ignorar as cartas deste, que morreria 3 anos depois, alcoólatra, abandonado, esquecido, desvalorizado e claro, amargado pelas putarias da vida e do universo literário.



Elogio da morte



Não sei quem foi que disse que a Vida é feita pela Morte. É a destruição contínua e perene que faz a vida.

A esse respeito, porém, eu quero crer que a Morte mereça maiores encômios.

É ela que faz todas as consolações das nossas desgraças; é dela que nós esperamos a nossa redenção; é ela a quem todos os infelizes pedem socorro e esquecimento.

Gosto da Morte porque ela é o aniquilamento de todos nós; gosto da Morte porque ela nos sagra. Em vida, todos nós só somos conhecidos pela calúnia e maledicência, mas, depois que Ela nos leva, nós somos conhecidos (a repetição é a melhor figura de retórica), pelas nossas boas qualidades.

É inútil estar vivendo, para ser dependente dos outros; é inútil estar vivendo para sofrer os vexames que não merecemos.

A vida não pode ser uma dor, uma humilhação de contínuos e burocratas idiotas; a vida deve ser uma vitória. Quando, porém, não se pode conseguir isso, a Morte é que deve vir em nosso socorro.

A covardia mental e moral do Brasil não permite movimentos. de independência; ela só quer acompanhadores de procissão, que só visam lucros ou salários nós pareceres. Não há, entre nós, campo para as grandes batalhas de espírito e inteligência. Tudo aqui é feito com o dinheiro e os títulos. A agitação de uma idéia não repercute na massa e quando esta sabe que se trata de contrariar uma pessoa poderosa, trata o agitador de louco.

Estou cansado de dizer que os malucos foram os reformadores do mundo.

Le Bon dizia isto a propósito de Maomé, nas suas Civilisation des arabes, com toda a razão; e não há chanceler falsificado e secretária catita que o possa contestar..

São eles os heróis; são eles os reformadores; são eles os iludidos; são eles que trazem as grandes idéias, para melhoria das condições da existência da nossa triste Humanidade.

Nunca foram os homens de bom senso, os honestos burgueses ali da esquina ou das secretárias chics que fizeram as grandes reformas no mundo.

Todas elas têm sido feitas por homens, e, às vezes mesmo mulheres, tidos por doidos.

A divisa deles consiste em não ser panurgianos e seguir a opinião de todos, por isso mesmo podem ver mais longe do que os outros.

Se nós tivéssemos sempre a opinião da maioria, estaríamos ainda no Cro-Magnon e não teríamos saído das cavernas.

O que é preciso, portanto, é que cada qual respeite a opinião .de qualquer, para que desse choque surja o esclarecimento do nosso destino, para própria felicidade da espécie humana.

Entretanto, no Brasil, não se quer isto. Procura-se abafar as opiniões, para só deixar em campo os desejos dos poderosos e prepotentes.

Os órgãos de publicidade por onde se podiam elas revelar, são fechados e não aceitam nada que os possa lesar.

Dessa forma, quem, como eu nasceu pobre e não quer ceder uma linha da sua independência de espírito e inteligência, só tem que fazer elogios à Morte.

Ela é a grande libertadora que não recusa os seus benefícios a quem lhe pede. Ela nos resgata e nos leva à luz de Deus.

Sendo assim, eu a sagro, antes que ela me sagre na minha pobreza, na minha infelicidade, na minha desgraça e na minha honestidade.

Ao vencedor, as batatas!





... tem dias que a gente se sente ...como quem partiu ou morreu ...a gente estancou de repente


Dia triste: Morte de Rubem Fonseca e Aldir Blanc no hospital

Advirto-o a título de informação. Você está entrando na postagem mais visitada deste blog.








"Leio os jornais para saber o que eles estão comendo, bebendo, e fazendo. Quero viver muito para ter tempo de matar todos eles."

"Ficam em Paris uma semana, o dia inteiro e a noite inteira juntos. Tomam banho juntos. Beijam-se com a boca cheia de comida, com a boca cheia de pasta de dentes, com o rosto molhado, com o rosto ensaboado. Ficam dias inteiros no quarto, rompendo os limites da imaginação e do corpo, como ela diz. Ele faz imitações de atores famosos, Cagney, Bogart, Karloff. Ela imita atrizes de filmes B, fazendo strip-tease."

"Um ladrão é considerado um pouco mais perigoso do que um artista." O caso Morel

"Numa separação, aquele que não ama é o que diz as coisas carinhosas"

"Ao se misturarem, as salivas adquirem um paladar inefável, comparável apenas ao néctar mitológico"

"Tenho ginásio, sei ler, escrever e fazer raiz quadrada. Chuto a macumba que quiser. "

"O pecado é mais saudável e alegre do que a virtude. Aqueles que trocam o vício pela beatice tornam-se velhos feios e desagradáveis." O Doente de Moliere

"Tinha muitas idéias na cabeça, e isso me atrapalhava. Os melhores conferencistas são aqueles de uma única idéia. Os melhores professores, os que sabem pouco." O Caso Morel

"Deixo as mulheres bonitas para os homens sem criatividade."

"A coerência é uma característica vegetal que eu felizmente não possuo." Mandrake - Grande Arte

"As coisas naturais têm que ser conhecidas antes de serem amadas. As coisas sobrenaturais só chegam a ser conhecidas por aqueles que as amam."

"O homem é um animal solitário, um animal infeliz, só a morte pode consertar a gente." Os Prisioneiros

"Escrever é tomar decisões constantemente."

"Rir é bom, mas pode foder a vida de uma pessoa"

"...era um tipo comum de mãe altruísta que se sacrifica pela família e,em troca, cobra de todos total submissão as regras e valores que estabelece arbitrariamente." A Grande Arte

"So continuo com voce se voce acabar com essa moça. Nada tenho com ela, isso nao existe? Voce gosta dela, isso existe. Quero que voce deixe de gostar dela. Voce uma vez me disse que so gosta de quem gosta de voce, que so gosta de quem voce quer. Quero que voce goste apenas de mim. Do contrario adeus, nao tem mais jogo de xadrez, trepada na hora que voce bem entende, pileques de vinho. Eu odeio vinho seu cretino, bebo por sua causa. Odeio, odeio, odeio.
E xadrez?
Xadrez eu gosto, disse Berta enxugando as lagrimas. Em vez de ser um protagonista de sua propria vida, Berta o era da minha." Mandrake

Infernos Provisórios



…eu estou um pouco indignado [de saco cheio mesmo] com  ministros de saúde  71*, ex-ministros 71,  médicos 71, biológos PhD71, porta-vozes de anvisa 71, economistas liberais 71,  vagabundos  de gravata  e colarinho alto 71...  sinceramente, eu leio, pesquiso, e tento manter uma memória acurada mesmo com toda essa quantidade de  álcool destilado que eu consumo diária e  hebdomadaraimente desde o início deste confinamento, e enfatizo que estou indignado [ de saco cheio ] com os dualismos e esterelidades enjoativas do que leio e assisto nos noticiários... eu ligo a televisão e assisto um Ministro filho da puta, por filho da puta ser,  fraco, por fibra, qualidade desconhecer, verborágico pra caralho, por verborrágico se assumir e até gostar da onda, falando falando e não dizendo nada… Ministro este, sustentado politicamente por um ser de sobrenome Caiado, veja só Cai a do ( que o Aurélio classifica como revestido de cal, que em sentido figurado  usa de disfarces ou se apresenta com outra aparência; disfarçado, dissimulado) como se nao bastasse esse sobrenome infeliz, o infeliz ainda é elobista do agronegócio e do amianto...


…se eu pudesse ser um dos ASPONE[ Assessor de Porra nenhuma] de Deus, eu sugeriria ao Chefe sinceramente que esse governador do Rio se foda, que Boris Johnson se recupere e vá para um tribunal penal internacional... eu sugeriria que esse Trump sofra, sofra muito,  de um cancro que o roa dolorosamente, lancinantemente, por dentro... e que morra sozinho, isolado, lentamente, sem ter contato com aquilo que lhe parece ser uma familia...  mas isso no futuro... depois do julgamento do Tribunal Penal...sugeriria que numa dessa saídas do Bolsonaro,  um  Lee Oswald, um Adélio competente e pragmático, acerte na cabeça... Mas eu não quero que ele morra não, sabe, por que no fundo eu sou um cara bom... afinal, não pega bem, um ASPONE de Deus, ficar pecando em pensamentos, palavras, atos e omissões... mas eu gostaria que ele vegetasse, que ele ficasse consciente  o tempo todo de ter de ter uma enfermeira dia e noite limpando sua bosta que o intestino dele desonera involuntariamente numa bolsa clonostomica... e ele vendo isso, e os filhos dele vendo todo o patrimônio das rachadinhas  ser dilapidado por que não tem mais grana, das rachadinhas,  pra pagar as enfermeiras -  e os infelizes tendo que se degladiar pelas sobras do erário privatizado...mas isso no futiro também depois que ele responda por crimes contra a Humanidade no Tribunal Penal Internacional... eu gostaria  que esse vagabundo Mandetta TIRE esse jaleco do SUS, enquanto a vagabunda  filha advogada dele faz lobby para a Unimed. Enfim, eu gostaria que todos tivessem uma boa noite de sono, e que sonhassem com anjinhos, se puderem. 

Também... como ASPONE de Deus, gostaria de pedir que o Aldir Blanc se recuperasse prontamente...



Notas de pé de pagina



*71 aqui refere-se ao artigo 171 do Código Penal brasileiro e colateralmente ao nono circulo do inferno de Dante, círculo mais profundo, onde Satanás reside e é dividido em quatro partes. A primeiro é Caina, em homenagem ao bíblico Cain que assassinou seu próprio irmão. Esta parte é para traidores de parentela (família). O segundo é nomeado Antenora e vem de Antenor de Tróia que traiu os gregos. Esta circulo mimoso, e que mais nos interessa, aos propósitos que avento,  é reservado para os traidores políticos / nacionais. O terceiro é Ptolomaea (por Ptolomeu filho de Abubus), que é conhecido por convidar Simon Macabeu e seus filhos para jantar e depois assassiná-los. Este patamar é para os anfitriões que traem seus convidados; eles são punidos mais severamente por causa da crença tradicional de que ter convidados significa entrar em um relacionamento voluntário (ao contrário das relações com a família e país, que nascemos); assim, traindo um relacionamento você entra voluntariamente é considerado mais desprezível. O quarta platô é Judecca, referidamente a de Judas Iscariotes que traiu Cristo. Este platô é reservado para traidores de seus senhores / benfeitores / mestres.


Quanto ao Código Penal, avivo a memória...

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155,

§ 2º.

§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;

Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Estelionato contra idoso

§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)

§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)


Música do dia . Polícia, Bandido Cachorro, Dentista. Sergio Sampaio. Disco Sinceramente Sergio Sampaio .

O retorno





…não vou enveredar aqui pelos surrados rumos que todos estamos cansados de percorrer, quando pensamos em retomar alguma coisa do passado, esquecida no tempo…. nem apelar àquela nostalgia biraia presente nas fotos antigas, nem aos berliques e berloques contidos nas vigaristas  gavetas de guardados… durante muito tempo, uma voz renitente, ficava repetindo… vai gauche, escreve lá, posta lá… seja relevante para o universo de 3 pessoas que te lêem!  … vai seu bosta insignificante! Um desses demônios é metido a literato, me xingava e até citava Machado… deixa essa ferrugem de obscuridade …então… tentei retornar…eu sabia do trabalho hercúleo que me daria para recuperar a senha destes blog…tentei retornar 2 3 4 vezes… mas 2 filhos pequenos, series de trampos sem vergonha com impantes chefes, contas de luz, gás, água, internet, Netflix a pagar, feijão na mesa, ração para a vira-lata, tudo isso deixaria até o Sísifo meio bolado…

…nem vou outorgar este retorno ao baixo astral generalizado trazido pela tosse e falta de ar desta peste escrota pós-moderna… o injustificado, porém necessário recesso deste blog, deve-se em parte, também, talvez, à idade… estou ficando velho… e a velhice faz a gente filtrar a relevância das coisas…. além disso, sinceramente, a recente  produção literária brasileira meio caduca, meio acochambrada, meio banazola não me seduz a deixar de ler os clássicos… afinal de contas, sempre que pego algo para ler, seja um livro, uma bula de remédio, um panfletos dos testemunhas de jeová,  folheto, um epistolário, uma poesia mambembe, uma biografia, um cordel, selo antigo,  um prospecto da vovó maria conga, sempre me pergunto… o que esse falsário tem para me dizer? … consigo ver suas metáforas materializadas à minha volta? …então, tal como nos decretos espanhóis medievais… si no, no… se não, não…se não presta, não presta… e pronto…

…tenho uma suspeita que pode se revelar tolice completa sobe os motivos desse retono, porém vou arriscar… Ilusão da Semelhança é um termo cunhado do José Saramago…esse infeliz me atormenta desde os tempos em que ainda estava vivo… recentemente… recentemente mesmo, há dois dias atrás… comecei a reler o Ensaio sobre a Cegueira, dentre outros livros dele, que tenho quase todos… e sempre me deparo com esta passagem…


Proclamavam-se ali os princípios fundamentais dos grandes sistemas organizados, a propriedada privada, o livre cambio, o mercado, a bolsa, a taxação fiscal, o juro, a apropriação, a desapropriação, a produção, a distribuição, o consumo, o abastecimento e o desabastecimento, a riqueza e a pobreza, a comunicação, a repressão e a delinquência, as lotarias, os edifícios prisionais, o código penal, o código civil, o código de estradas, o dicionário, a lista de telefones, as redes de prostituição, as fábricas de material de guerra, as forças armadas, os cemitérios, a polícia, o contrabando, as drogas, os tráficos ilícitos permitidos, a investigação farmacêutica, o jogo, o preço das curas e dos funerais, a justiça, o empréstimo, os partidos políticos, as eleições, os parlamentos, os governos, o pensamento convexo, o côncavo, o plano, o vertical, o inclinado, o concentrado, o disperso, o fugido, a ablação das cordas vocais, a morte da palavra.

música do dia. sol da meia noite. Sylvia telles. disco Bossa, Balanço e Balada. 1963


A FALA DO ROSTO





És Tu quem nos espera
nas esquinas da cidade
e ergue lampiões de aviso
mal o dia se veste
de sombra


Teu é o nome que dizemos
se o vento nos fere de temor
e o nosso olhar oscila
pela solidão
dos abismos


Por Ti é que lançamos as sementes
e esperamos o fruto das searas
que se estendem
nas colinas


Por ti a nossa face se descobre
em alegria
e os nossos olhos parecem feitos
de risos


É verdade que recolhes nossos dias
quando é outono
mas a Tua palavra
é o fio de prata
que guia as folhas
por entre o vento



José Tolentino Mendonça


Um Sonâmbulo na Corda Bamba

Os estóicos diziam que não somos aquilo que nos acontece. O que para nós, chamamos de acaso, e que portanto é visto com descaso, não era visto assim pelos os gregos. Para estes, os acontecimentos não aguardados se confundiam com sinais, com a auto-estima, como alguma coisa atravessada pelo divino. Restava-nos viver como amadores tateando nu labirinto de sinais. O livro de José Luiz Passos, “O Sonâmbulo Amador”, mostra-nos até que ponto os fatos são decididos por nós, e até que ponto são decididos por uma força maior onde o acaso detona uma série de sonhos, visões mal acabadas e irrealidades que como amadores tentamos desvendar. “O Sonâmbulo Amador” conta a estória de um funcionário de uma tecelagem no interior de Pernambuco. Jurandir, seu nome, é cidadão simples que está prestes a fazer uma viagem à capital do estado para resolver uma pendência burocrática. O protagonista aprender com a dor. Se solidariza com o sofrimento de um do operário da empresa onde  trabalha que teve o rosto desfigurado por um acidente de trabalho. Na função de porta-voz de uma espécie e cipa, Juandir tentará interceder por ele, na capital, e conseguir algum amparo pecuniário para a sua condição. 

Antes de viajar para Recife, Jurandir se depara com duas situações não de todo ordinárias. Primeiro, briga com uma colega de trabalho chamada Minie, com quem teve um caso e ainda mantem uma relação um tanto mal resolvida. Logo em seguida constata que ao chegar em casa, a mulher tinha transformado o quarto do filho num escritório. Isso basta para explicar o que está por vir. Jurandir começa sua viagem de carro para a capital. No meio do caminho para. Sai e  ateia fogo na Kombi.  O leitor tem a certeza de que Jurandir tem plena consciência de suas circunstâncias. Mas logo no capítulo seguinte, temos a certeza que o livro de Jose Luiz começa com a certeza estóica de que não somos, de fato, aquilo que nos acontece.

Muitas vezes, a dor, a violência, a tragédia esmagam a compreensão. Aristóteles dizia que o máximo do prazer apenas é atingido no exato instante do máximo de uma dor. Portanto, quem não tivesse essa dor tão forte e não tivesse, o corpo, ou a consciência, tomados por essa espécie de luz que ilumina o momento máximo da dor, que por exemplo poderia ser a perda de um filho, não saberia o que é o prazer.

No capítulo seguinte, como num desses sonhos mal explicados, Jurandir já aparece num manicômio. A trágica morte do filho adolescente, poderia ter esmagado sua compreensão. Mas na instituição psiquiátrica surgem os cadernos onde Jurandir descreve suas experiências tentando encontrar um norte argumentativo, no qual realidade e irrealidade entrelaçam-se iludindo o leitor amador num jogo de sono e vigília.


A partir daí o cotidiano dentro da clínica, sua vivência com Madame Góes, o enfermeiro Ramires e o Dr. Ênio começam a se confundir com seus sonhos. Nesse momento a narrativa adquire a tonalidade estranha e interessante de um filme de David Lynch. O passado, o presente, os sonhos, e a impossibilidade de futuro vão se fundindo e se confundindo numa também  impossibilidade narrativa. Interessante, e algumas vezes cansativa, a leitura destes sonhos nos induz a pensar que o que Jurandir busca é na verdade uma liberação de seus traumas através dos exercícios escritos sugeridos pelo Dr. Ênio. Através de reparações, ele tenta dar novos sentidos aos pesos do estigma que carrega: a falta de estrutura familiar, a perna manca por um acidente provocado, a perda do filho, o amor estranho e contemplativo que por um lado alimenta pela esposa, e o desejo que o consome pela amante sensual, o rosto do garoto que se queima... uma série de frustrações que vão se acumulando ao longo da vida, onde as tentativas de reparações não lhe trazem equilíbrio, e as tentativas de narra-las acontecem de forma fragmentária com frases curtas em poucos detalhes. Quando há detalhes, estes se tornam confusos, como os primeira hora da manhã quando tentamos rememora-los e colocá-los de uma maneira lógica, numa narrativa que se pretenda ser aquilo que nos acontece no sonho.

Os riscos que José Luiz Passos correu com esse livro, tanto no que escreve como no que procura esconder de sua escrita, em sua maneira própria de escrever, foram muitos. Risco maior foi arcar com a possibilidade de cair na travessia da corda bamba, em pleno sono. E neste contabilizamos o de tentar mostrar que, mesmo num contexto onde um protagonista tem sua humanidade anulada pela perda de um ente, da liberdade e da própria capacidade de concatenar conscientemente fatos e argumentos, ainda assim, consegue chegar ao outro levando uma idéia de justiça e de grandeza moral.

Mé e forévis, forever!


Quem já passou dos 40 anos lembra bem o que estava fazendo às 19:00hs, no primeiro domingo do mês de agosto de 1984. Estava assistindo Os Trapalhões! Naquele hiato entre o domingo de sol e aquela música horrenda do Fantástico a nos lembrar da segunda-feira, entrava o melhor programa da televisão brasileira para a molecada. Intelectuais de plantão irão dizer que o programa promovia violências intelectuais contra minorias étnicas, raciais e de gênero. Ô da poltrona, à época eu tomava cascudo dos guris mais velhos e cheguei a cair na porrada na porta da escola sem saber que isso era bullying por que o que importava para nós era  exatamente isso, Samba, Mé e Trapalhões!
A biografia do jornalista Juliano Barreto sobre Antônio Carlos Bernardes Gomes, o “Mussum”, lançado pela grande editora LeYa, é muito legal. Eu sei que o termo “legal” é impreciso, mas é o que me vem à cabeça quando lembro que não consegui levantar o forévis da cadeira enquanto não terminei o livro. O livro resgata memórias de um tempo em que as fotos coloridas ainda eram em papel fotográfico meio avermelhado e a família sempre aparecia meio desbotada. Não chega a ser uma ótima biografia, pois fiquei com um gosto de querer saber mais da história do Mussum e de sua vida pessoal. Mas reconheço o esforço do jornalista ao tentar resgatar o passado de um cidadão que nasceu pobre, filho de mãe solteira negra e analfabeta, batalhadora, e com no máximo uma certidão de nascimento, deve ter sido hercúloe.
A biografia  conta com partes de como cresceu num colégio interno esbanjando simpatia, trabalhando como mecânico, morando em cortiços para sobreviver, enquanto a fama não o tocava. Sempre enchendo a cara, mas sempre pontual, nas segunda-feira pela manhã, independente do tamanho da ressaca que o afligisse o homem era uma muralha. Partes tristes como quando teve que romper com Os Originais do Samba, e deixar para trás os amigos de longa data, para se dedicar aos Trapalhões, e inúmeras partes engraçadíssimas que te fazem rir sozinho. Em resumo, a biografia mostra  um grande homem por trás do humorista, mostra sua generosidade, sua impressionante capacidade de trabalho, e até mesmo sua relação com suas ex-mulheres que  - se recusaram a detraí-lo mesmo após a fama.
Sua trajetória televisiva, vista criticamente,  mostra o esteriótipo de um homem negro alcoólatra. O problema deste tipo de análise eram as segundas-feiras pois quando chegávamos à escola, as conversas inocentes sempre passavam pelo mé e pelo forévis de alguém. É inquestionável a presença de Mussum em nossas vidas, mesmo na das pessoas que juram de pés juntos não terem assistido Os Trapalhões.

Música do dia. Ray Charles and Betty Carter. Cocktails for two

Heráclito


Em 1935, o Partido Comunista botou o bloco na rua, chamou os revolucionários e achou que podia para fazer uma revolução. Não deu. E entre as maiores vítimas da tentativa de insurreição estava o ex-deputado alemão Harry Berger, que veio para o Brasil em 1935 junto com sua mulher Elise, para orientar comunistas urentes a conduzir massas ignotas à conquista do poder.   Se não me engano é ele que no livro Olga tem o dedo esmagado por um alicate de quebrar nozes assim que entra no carro da Polícia Especial de Vargas. O casal comeu o pão que o diabo amassou em terras tupiniquins. Elise foi estuprada na frente do marido e logo em seguida mandada de volta para a Alemanha, onde morreria num campo de concentração.
O destino de Berger foi inacreditável. Torturado com choques e porradas sem fim, foi deixado por um ano numa cela sem sol, sem corte de cabelo, sem banho, com pouca comida.... O tratamento desumano que Berger recebeu levou ao advogado Sobral Pinto a solicitar ao juiz responsável pelo caso a comparação de Berger a um cavalo. Levou o responsável pelo caso a concordar que:  se o Estado reconhece até os direitos dos animais, por que não haveria de aplicar o mesmo tratamento a um ser humano?
Este é um dos pontos mais interessantes do documentário “Sobral – O Homem que Não Tinha Preço”. Heráclito Sobral Pinto foi um homem vazado num molde que se perdeu ao longo da história do Brasil.  Torcedor do América, católico fervoroso e conservador, defendeu presos políticos do Estado Novo e da ditadura militar, incluindo o líder comunista Luis Carlos Prestes e foi responsável até mesmo pelo resgate de sua filha Anita Leocádia. Anos mais tarde atuou na defesa de Juscelino Kubitschek,  mesmo, conservador que era, sendo politicamente alinhado à UDN. Nos anos 80, já em idade avançada, ainda teve fôlego para subir ao palanque das Diretas Já. 

O documentário de Paula Fiuza tem partes engraçadas e tocantes: sua incapacidade para ganhar dinheiro, ou melhor saber ganhar dinheiro mas não saber como cobrá-lo de seus clientes, mesmo estando tão próximo ao poder, e sua culpa, que se arrastou até o fim de sua vida, por ter tido uma... “amiga”... nos anos de juventude. Sâo elementos humanos que tornam Heráclito um mito brasileiro.

Assistir este documentário dias antes de uma eleição presidencial como esta que passou, pode não ser aconselhável. Pode causar danos irreversíveis à tentativa desesperadora de dar sentido à nossa obtusa alma nacional. 

Discursos dos Eleitos

O Ilusão da Semelhaça renasce como Fawkes hoje...

Quando soube que Ronald Reagan não escrevia seus próprios discursos, confesso que passei a desconfiar do óbvio: o ator lia os scripts feitos sob medida pela equipe de Larry Speakes. A saia justa de Speakes em Reagan ao anunciar que os discursos do chefe eram um bando de citações clonadas e adaptadas às circunstâncias, nunca foi confirmada por Reagan que, ao contrário, preferiu desmentir o subordinado, afirmando que nunca confiou muito no seu Press Secretary. Mas o mais estranho de tudo é que, independente de quem as escreveu, duas frases de Reagan não me saem da cabeça hoje:
 

Status quo, you know, is Latin for “the mess we’re in”
 

I think the best possible social program is a job.



Sou um leitor compulsivo. Dentro de minha patologia, uma das alterações morfológicas mais evidentes pode ser vista em minhas prateleiras de livros: as biografias. Leio biografias de vivos e mortos. Em ambas há um interesse mórbido, no caso dos mortos, ou uma intenção no mínimo prosaica de especular sobre a vida alheia, no caso dos vivos. Mesmo nesse caso, não procuro o meramente factual na cara amassada do biografado acordando as 6.30 da manhã para trocar a fralda dos filhos, ou o cotidiano de uma entrega ao alcoolismo, mas aquela dose de criatividade, de fantasia, de porosidade por onde o cotidiano é filtrado na criação literária de um texto talentosamente bem escrito.  Por isso acompanho com alguma dose de curiosidade esse debate sobre a polêmica das biografias, num país onde é comumente dito que o público e o privado vivem de  maneira promíscua.

Na minha estante, há biografias autorizadas e não-autorizadas. Tenho  biografias de D. João VI, escrita pelo Oliveira Lima, à biografia de Bogart, escrita Sperber e Lax, de Patápio Silva, à várias do Sinatra,  Clarice Lispector, Billy Wilder, Vargas, Coltrane, Rio Branco, Balzac, Garrincha, David  Selznic,  Tim Maia, e até as não autorizadas do Roberto Carlos e do Noel Rosa. Portanto, ler biografias não-autorizadas  não está em minhas preferências, ao menos estatísticas. O interesse que me levou a ler a biografia escrita por Lord Roy Jenkins, não foi o mesmo que me levou a ler a biografia do Zico, evidentemente. Um fumava charuto, prevaricava todo o tempo e tratava socialistas como scumbags, o outro sonegou o fisco no Japão e na Itália, mas nem por isso, ou talvez por isso mesmo, nunca deixou de ser meu maior ídolo no esporte.

Ainda nesse tema sobre o direito que me pertence como leitor ao ler uma biografia, assisti a uma palestra de Paulo Cesar de Araújo em New Orleans, há uns anos. O rapaz se emocionou ao falar da biografia que escrevera e que se encontrava proibida de circular. Se emocionou  não pelo dinheiro que deixou de ganhar numa dedicação de mais de 20 anos de pesquisa, mas pela frieza com que O Rei o tratou na Corte, cara a cara, afirmando que só que tinha o direito de escrever sua – do Rei -  biografia seria ele próprio.

Sentimetalismo à parte, o  que está em jogo hoje é a biografia como ativo comercial. Todos querem ganhar. De um lado editoras - argentárias sim. De outro, artistas, esposas de artistas, advogados, proles, ex-esposas de artistas, encabeçando um grupo de interesse pecuniário chamado Procure Saber. Há um terceiro lado, que é o do biógrafo, mas esse não conta, por se tratar de um trabalhador braçal, aquele que só deseja segurança  para realizar seu trabalho e paz para se dedicar a sua escrita. Parafraseando o pai de um dos personagens envolvidos na polêmica, mais uma vez vivemos a velha  dicotomia de Raizes do Brasil, entre o aventureiro e o trabalhador . O primeiro, aquele que ignora as fronteiras e, onde quer que se erija um obstáculo a seus propósitos ambiciosos, sabe transformar esse obstáculo em trampolim. Vive dos espaços ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes. Assim como o aventureiro, o artista também é desejoso dessas novas sensações e por consequência a consideração pública, pois no fundo é um homem público. Impedir um trabalhador de narrar feitos, sucessos e fraquezas  de um biografado é um desconforto para o leitor contemporâneo.

E o pior é que me foram incomodar até o François Dosse lá na École des Annales, para receberem uma resposta óbvia e desconcertante.